A arte de ter vergonha de admitir o erro

Vamos reproduzir hoje o texto do amigo, leitor do AC e escritor do Blog Almanaque Esportivo do ClicRBS, Alexandre Perin. É uma percepção delicada sobre o elenco Colorado e suas últimas atuações. Deixe o seu comentário, dê sua opinião, você concorda ou discorda do assunto?

Nos últimos dois anos, o Internacional padeceu de um problema crônico. A falta de humildade em reconhecer os erros e buscar mudar isto. Há dois anos, o time colorado apenas se enfraquece tecnicamente, com reposições nulas ou tardias, e o discurso segue o mesmo: o Inter tem um dos melhores elencos do Brasil, é sempre candidato ao título. A soberba em jamais admitir que o time precisa de uma guinada radical em suas atitudes.

Quando Falcão falou que o time do Inter precisa de reforços para disputar o título, ele cometeu um pecado capital no Beira-Rio. Falou a verdade.

Porém n Inter são valorizados os capitães que vivem em um mundo paralelo, uma realidade alternativa, como Guiñazu, Bolívar e Kléber. Que perdem jogos consecutivos e dizem que o time está jogando bem, no caminho certo. Isto é compartilhado pela diretoria, pois o vice-presidente de futebol Roberto Siegmann não entende de futebol e está cercado de quem entende menos ainda. Não vejo um ‘mea culpa’ imediato (não adianta dizer seis meses depois que errou) desde a perda do título do Gauchão 2006.

Em todos os gols sofridos pelo Internacional no Brasileiro, as falhas defensivas foram grosseiras, a maioria pelo lado direito de defesa. O goleiro Renan segue inseguro, mas terá seu contrato renovado. Pior, um goleiro do mesmo nível, com salário 3x menor e que pertence ao clube, Lauro, está sendo liberado.

Nos dois insucessos no Beira-Rio, entre os dez titulares de linha que começaram o jogo, nada menos que sete (contra o Ceará) e seis (contra o Palmeiras) tem mais de 30 anos. Dos seis zagueiros colorados, os quatro primeiros na “hierarquia” (e nos salários) tem acima de 30 anos e ganham mais de 100 mil reais mensais.

As renovações de longo prazo com Índio, Bolívar, Guinazu, D’Alessandro e a iminente permanência de Renan, mesmo a despeito de todas as críticas da torcida e da imprensa, apenas sinalizam que: o time é este e só precisa jogar mais. Isto somado ao tempo ainda elevado de contrato de Tinga, outro jogador com desempenho abaixo da crítica e salário muito elevado para ser reserva, deixa claro: nada mudará.

No Inter, em 2012 o time com os contratos existentes será: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kléber; Guinazu, Tinga, Andrezinho e D’Alessandro; Zé Roberto e Leandro Damião. Alguma diferença do time que fracassou no Mundial? Não vejo quase nenhuma… A diretoria está claramente dizendo que não precisa de reforços. Contra a lógica, o vice de futebol Roberto Siegmann disse que a zaga do Inter é segura e está em um bom momento.

A chegada de Falcão, e até mesmo o título gaúcho obtido de maneira dramática, poderia ter aproveitado para afastar jogadores acomodados, com salários incompatíveis com o desempenho em campo. Era a hora de “quebrar a hierarquia no vestiário”, de tirar os “líderes de vestiário”. Porém a diretoria comandada por Roberto Siegmann segue apostando na continuidade. A coragem de desmanchar o Inter-B e o treinador Enderson Moreira não foi repetida no elenco principal. Já ficou claro quando Celso Roth, contra todas as críticas, foi mantido após o Mundial.

Podem argumentar: esta mentalidade ganhou a Libertadores. Sim, ganhou, quando viu que tinha errado no treinador e mudou no momento certo. Mas o desastre no Mundial só ocorreu porque o time insistiu em jogadores em clamorosa decadência técnica, casos de Alecsandro, Renan, Tinga, Rafael Sóbis e Índio, em detrimento de atletas mais jovens e em melhor fase. Alguém acha que Renan, Tinga, Bolívar, D’Alessandro e Guinazu serão reservas algum dia? Ganhando salários acima de 200 mil reais? Eu duvido.

O Inter não tem uma política coerente de aproveitamento da base. Falcão diz que “não tem ninguém pronto” para subir. E desde quando os gremistas Leandro, Saimon e Mário Fernandes, os são-paulinos Luiz Eduardo, Casemiro e Bruno Uvini estão prontos?

Não tem como sabermos o potencial de Rodrigo Moledo, Juan e Romário se estes não ficarem sequer no banco. Só precisam de alguém que acredite no futebol deles…

Alexandre Perin – Cachoeirinha/RIO GRANDE DO SUL

Texto extraído do site Notas Futebolísticas.

9 thoughts on “A arte de ter vergonha de admitir o erro

  1. Eu não errei em querer o Bola bola como técnico na atual conjuntura…eu errei (e não tenho vergonha) em achar que o Edu daria certo no clube.

  2. Na realidade, já se sabia que o FALCÃO não ia dar certo, pois, era só emoção de treinar, assim como Casagrande queria treinar o S.PAULO, um CERTA ÉPOCA, era uma disputa de belezas entre comentaristas da Globo. Me admiro a irresponsabilidade do PRESIDENTE do CLUBE e do VICE-PRESIDENTE de FUTEBOL CONTRATÁ-LO, SÓ PARA DAR MANCHETE E GANHAR TEMPO DE MIDIA. Esse VICE DE FUTEBOL já demonstrrou que não esta preocupado com o CLUBE, e sim de dar vazão a sua ânsia de pode, com a seu gênio destemperado. Assim, penso que o CONSELHO tem que cobrar providências do VITÓRIO E DOFERNANDO que jogaram o CLUBE mais uma vez na deriva, ao colocá-lo na mão do LUIGUI, o qual já anteriormente quase enterrou o INTER, não fosse a volta do FERNANDO .O disfarce com o AOD CUNHA não adiantA, se se contrata o FALCÃO, temerariamente, colocando o DINHEIRO DO CLUBE E DOS ASSOCIADOS NO LIXO . E, não resolve contratar, se continuar o FALCÃO que desmanchoua a espinha dorsal do INTER, como o diz o único comentarista em atividade e com credibilidade – RUI CARLOS OSTERMANN. UM ABRAÇO AOS PARTICIPANTES DA ARQUIBANCADA COLORADA, E QUE O PROBLEMA SE RESOLVA LOGO, SEM SEGUNDA DIVISÃO E SEM PALHAÇADA NA COPA AUDI, para UM novo vexame agora na EUROPA.

  3. Buenas, indiada! O lance é o seguinte: Falcão não colou. Apostamos todas as fichas e nos quebramos. É hora de recomeçar. Abram cancha pra base do Inter. Aposto em Diego Aguirre ou Mário Sérgio.

    1. O problema não é técnico, para mim. Repetimos erros que aconteciam na época do Roth, ele caiu e aí??? Para mim o “buraco” é mais abaixo. Pode vir o Mourinho que vamos continuar tenos zaga lenta e outros problemas de elenco!

  4. Oi pessoal,
    Gostei do comentário. Verdades incontestáveis.
    Falcão teve a coragem de falar que o grupo não era qualificado o bastante para ser campeão brasileiro. Mas, se ele não tiver coragem suficiente (está sendo bloqueado) de tomar atitudes e fazer alterações imprescindíveis, especilamente retirando do time medalhões como Bolívar, vai sobrar pra ele.
    Ídolo Falcão, se tiveres que cair, faça-o com dignidade e promova as alterações que tens em mente (agora tenho certeza que estás sendo impedido por figuras que estão atrapalhando o teu trabalho). Dê oportunidades aos novos. Renove este grupo. Ainda há tempo. Não te submetas a intromissões e idéias retrógradas de alguns.
    No mínimo manterás tua dignidade e continuarás na admiração do torcedor colorado.

    1. Grande comentário Heleno, tens toda a razão… se o Falcão peitar a promoção dos jovens poderá ter a torcida ao seu lado e sair por cima, do contrário será mandado embora como quem não deu certo. Eu ainda acredito no potencial do técnico que temos, ele precisa de liberdade e de peças confiáveis.

  5. Alô você!
    Tenho repetido que homens ligados ao Inter e especialmente ao futebol deveriam nesse momento serem procurados para ajudar em algumas definições. As questões abordadas, são verdadeiras mas se transformaram em um nó que está difícil desatar. Eu entendo que quem tem essa capacidade é alguem com o perfil do Ibsen Pinheiro, por exemplo. Mas e as vaidades permitem?

  6. Pode parecer discurso de “Maria Vai Com as Outras” mas não vi, li ou escutei uma radiografia tão perfeita da atual situação do time e diretoria do Internacional! Concordo plenamente com tudo o que foi escrito. Não podemos é ficar com essa historinha de que vai melhorar, vai isso, vai aquilo. Estamos nessa, realmente, há muito temto! A torcida tem que apoiar incondicionalmente somente dentro do estádio. Fora de lá, temos que bater o pé e exigir melhorias. Apoiamos o time, compramos produtos na forma de externar nossa paixão, pagamos a mensalidade, levamos tijolos, cantamos, exaltamos, etc, por isso temos o direito de cobrar. Torcedor paz e amor não! Temos que exigir do Sr. Siegmann e do Sr. Luigi a competência que é peculiar aos cargos que ocupam, caso contrário, teriam que continuar nas funções e hobbies fora do SCI. Chega de brincar de dirigente. Chega de brincar com o Campeão de Tudo! Não vaiamos dentro do estádio, mas aqui fora temos que cobrar.
    Um abraço forte a cada Colorado desse Brasil!

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