Dói

Existem termos que passam do uso ao abuso e acabam tornando difusa sua utilidade em lugar-comum. Ídolo é uma delas.

Algumas civilizações antigas  erguem-se totens de madeira para adorá-los, venerá-los e oferecer-lhes os mais diversos sacrifícios. No entanto, esses “bezerros de ouro” deixaram uma mensagem que até hoje (talvez hoje mais do que nunca) nem todos sabem interpretar cabalmente.

Nos tempos modernos  afirma-se que o pai é o primeiro ídolo, segundo a psicologia. Dali talvez que existam “ídolos” e não “ídolas”.

Geralmente nossos ídolos são o esportivo ou o artístico, cujos protagonistas frequentam cenários onde o sucesso ou a figuração conseguem ecos mais altos. Dificilmente um cientista, um político ou um poeta recebem essa distinção, que se obtém quando a admiração, o reconhecimento ou a valorização chegam aos pontos mais perturbadores. Mas o povo precisa de um ídolo. Não há país que escape dessa regra. Culta ou inculta, rica ou pobre, capitalista ou socialista, toda sociedade sente essa urgência irracional de entronizar ídolos de carne e osso diante dos quais queimam incenso”.

Esta definição permite aprofundar sobre o bom e mau uso do termo. Escurinho serve como exemplo. Nós, Colorados, sentimos muito a partida de mais um de nossos ídolos. Figura cativante, meiga e alegre. Teve o azar de surgir para o futebol numa fornada recheada de super craques. Acabou como décimo segundo jogador. Decidindo partidas encardidas, virando talismã e gravando à ferro e fogo, seu nome em nossos corações. Deixa saudade pela pessoa que foi.

Dói muito.

Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
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