Sei que se trata de um assunto difícil de abordar, mas como está ligado ao esporte, ao nosso INTERNACIONAL e ao Rio Grande do Sul, não posso ficar omisso e sufocar minha indignação com o teor da reportagem publicada no jornal A TARDE, de Salvador, Bahia, de sexta-feira, dia 27/01/12, na página B7, do ESPORTE CLUBE (editor coordenador Marco Machado) e escrita por Diego Adams.
Coloco o texto na íntegra, para que cada um tire as suas conclusões…
“Zé Roberto, o papai coruja.
Em seu primeiro treino físico no campo, o atacante teve a companhia do filho João Victor, de 5 anos, segundo ele vítima de racismo no Sul. “Joguei em vários países e logo no Brasil meu filho passa por isso. Mas já superamos. Estamos felizes agora.”
Observação: Abaixo do texto tem uma foto do Zé Roberto e de seu filho.
Será verdade? É verdade que isso aconteceu mesmo e ninguém tomou nenhuma providência? Penso ser um absurdo, pois nosso Rio Grande do Sul, até na sua declaração de independência (Guerra dos Farrapos) baseou sua Constituição na Declaração dos Direitos Humanos e até hoje vivemos em total paz entre as raças existentes, pois elas em nada diferem ou separam os homens, apenas as cores são diferentes, mais nada, assim como uma camisa, uma calça ou um sapato, pois o que nos torna GENTE é nosso interior e nos valores que acreditamos e vivemos.
Não acredito que em nosso INTERNACIONAL exista espaço para discriminação racial ou de qualquer outra espécie e gostaria que a atual direção tomasse alguma providência para esclarecer esse assunto e, principalmente, em relação a essas declarações. Se houve discriminação ao Zé Roberto ou a uma criança de 5 anos, onde quer que tenha acontecido, é crime e questão policial. Se houve, o que não acredito, é uma situação isolada e nunca definirá nosso Estado como racista. É repugnante esse tipo de declaração, publicada em um jornal de grande circulação, no mínimo oportunista, bairrista e racista.
O Rio Grande do Sul, Porto Alegre e o nosso INTERNACIONAL não merecem isso e não podem ficar calados, pois recebemos de braços abertos atletas e cidadãos de todos os lugares do mundo, independentemente de raça, crença, opção sexual ou outra qualquer opção. O Rio Grande do Sul é formado, principalmente, por uma mescla maravilhosa de portugueses, italianos, alemães, africanos e índios, e sempre foi um povo hospitaleiro e único. É triste ler uma reportagem dessas e “ter de engolir” sem reagir.
Sou de descendência típica gaúcha, uma mistura de índio dos nossos pampas, alemão (Schmidt) e português (Pauperio), e nasci na colônia italiana, a minha querida Flores da Cunha. Tenho orgulho de ter grandes amigos de todas as raças, crenças e opções sexuais, pretos, amarelos e brancos. Sou COLORADO e freqüentador do dito um dia do Planeta dos Macacos, sou torcedor do maior e melhor clube do Rio Grande do Sul e não aceito nenhuma forma de preconceito ou discriminação.
Antônio Carlos Pauperio – Salvador/BAHIA
Colorado até morrer!
O racismo existe e tem que ser combatido, não importa o lugar e o momento…
Alô você Pauperio!
Volto ao assunto só para te dar alguns dados que às vezes não chegam ao nosso conhecimento por motivos diversos. Os aludidos fatos com o odioso timbre racista não são tão isolados assim. Temos um lamentável histórico. Abaixo uma pequena coletânea de incidentes com tal teor. Os fatos são muitíssimo graves. Embora saibamos que significativa parcela da sociedade abomina tais atitudes, não há como negar a sua existência. Aí estão algumas das provas documentais.
http://www.youtube.com/watch?v=tBLaIdxHVas
http://esporte.uol.com.br/ultimas/2006/03/09/ult1334u814.jhtm
http://ospiti.peacelink.it/zumbi/afro/racismo.html
http://oglobo.globo.com/pais/neonazistas-agridem-homossexuais-negros-em-caixas-do-sul-ex-lider-skinhead-se-diz-ameacado-3199207
SC
Paupério:
Infelizmente em nosso estado existe racismo e na minha opinião se o Zé Roberto foi vítima direta ou indiretamente (como no Gre-Nal em que fomos Campeões Gaúcho aonde a torcida adversária o xingou) deveria processar quem o atingiu em busca de um ressarcimento pelos danos causados. Agora o problema não pode virar desculpas para não jogar ou fazer corpo mole na recuperação de uma lesão.
Na minha avaliação, o Zé Roberto também não nos respeitou como deveria, que eu saiba os salários dele sempre estiveram em dia, bem como o comportamento da direção e da nossa torcida sempre foram de carinho e de repeito com o cidadão independente da nacionalidade, étnia, credo ou opção sexual. A princípio, isto tem ocorrido com todos os nossos jogadores.
O problema de toda esta história é que estão tentando nos colocar na mesma vala comum de outros clubes do nosso estado e da nossa cidade, que tem tido atitudes racistas ao longo do tempo. Li uma matéria sobre o caso do Zé Roberto em que comentavam sobre o nosso Inter e o co-irmão Grêmio que no passado existia uma Liga chamada “Canela Preta”, que esta liga só existia para que os jogadores negros pudessem jogar e que era proibido estes jogadores jogarem nestes dois clubes. Isto é uma mentira, pois na história da fundação do Inter pessoas de cor negra fizeram parte e só não jogavam pelo clube por este ser amador e não ter dinheiro para pagar aos atletas para usarem o seu manto e, portanto, a opção destas pessoas era jogar na Liga paralela porque recebiam dinheiro para atuar. Já no nosso adversário: atletas negros e de fora do estado não podiam jogar, por isso a dificuldade do estrangeiro em se adaptar por lá. A maior prova deste fato é que no nosso primeiro título conquistado nós já possuiamos um jogador de étnia de origem africana e o primeiro jogador negro admitido por eles foi um ex-atleta nosso de feitos reconhecido em todo o Brasil, que foi o Tesourinha.
Saudações Coloradas.
Cláudio R. Vidal
Para encher a cara nas redondezas da praça da Encol enquanto se recuperava das insistentes lesões não havia racismo…
Homero, nem quando estava no vôo Salvador/Porto Alegre, TAM, na terça-feira que antecedeu ao jogo importante com o Flamengo, com chegada em Porto Alegre prevista para as 14:00 horas (não sei se havia ou houve treino naquele dia no INTERNACIONAL). São situações que somente essa diretoria atual pode esclarecer, como é que um jogador que estava tão infeliz, foi mantido no INTERNACIONAL durante tanto tempo…
Pois meu amigo gostaria de lhe dizer que também não acredito nessa notícia, mas lamentavelmente tenho que opinar com a verdade a meu lado. O que passo a abordar agora, nada tem a ver com o Internacional, mas com o RS, pois é o que mais conheço. Tenho conhecimento de várias demonstrações de racismo no nosso amado RS em todas as camadas sociais, embora reconheça que é muito mais evidente nas camadas menores. Os jornais da semana anterior estampam um pedido de desculpas do comando da Brigada Militar a dois jovens africanos que foram presos pelo policiamento urbano e levados a área judiciária, pois imagine só você ostentavam tênis de grife (onde é que se viu isso, como podem ter o topete de usar tênis de grife) e isso na visão dos policiais envolvidos não é uma coisa normal para dois negros. Essa historia veio à tona, e quantas não vem? A matéria está abaixo, tire suas conclusões. Eu acredito no Zé Roberto e também peço desculpas, conheço a aldeia, lamentavelmente é assim.
http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/diario-gaucho/19,222,3645646,Comando-da-BM-pede-desculpas-a-africano
Prezada Karyn, ações isoladas não podem definir o nosso querido Estado do Rio Grande do Sul e devem ser combatidas com veemência por todos nós. Penso como você, depois, “é leite derramado” e gosto das coisas às claras, nome, local e situação gerada. Não gosto, abomino generalidades, onde são “jogadas aos quatro ventos” opiniões e onde as responsabilidades não podem ser apuradas e punidas devidamente.
Prezado amigo Melo, fico muito triste com tuas obervações, mas continuo acreditando que ações isoladas não podem definir o nosso querido Estado do Rio Grande do Sul e devem ser combatidas com veemência por todos nós. Gosto das coisas às claras, nome, local e situação gerada. Não gosto, abomino generalidades, onde são “jogadas aos quatro ventos” opiniões levianas e onde as responsabilidades não podem ser apuradas e punidas devidamente. Esse caso citado por você demonstra claramente que essas ações isoladas são combatidas de forma firme e forte pelas nossas autoridades e são repugnantes para a maioria de todos nós, verdadeiros gaúchos. Abaixo o racismo e qualquer forma de discriminação em nosso Estado, no Brasil e no mundo.
Já morei um muitos lugares no Brasil e no exterior. Em Pernambuco fui discriminada por ser loira e ter olhos azuis – em várias entrevistas e seleções fui visivelmente preterida por outra pessoa que era “da terra” como falam por lá. O racismo existe nas 2 mãos. Sobre o que aconteceu ou nao aconteceu com esse jogador, não acredito que tenha ocorrido qualquer tipo de discriminação no Clube – ocorre que o povo do Rio Grande do Sul é um povo mais reservado – se ele se ofendeu com isso problema dele. Afirmo que se ele tivesse sofrido por RACISMO com certeza deveria ter tomado uma atitude e exigido punição – muito facil falar mal depois!