Foi iniciado mais um Campeonato Gaúcho. Para muitos perdeu a graça e importância. Alguns procuram desdenhá-lo até chamando-o de cafezinho, ruralito e coisas assim. Mas, para mim continua mantendo o seu charme. É bem verdade que também estamos novamente envolvidos na Libertadores, cuja conquista é inegavelmente incomparável, mas nem por isso devemos deixar o nosso regional totalmente de lado.
Lembro que com as conquistas do Brasileirão lá pelos anos 70, houve jornalistas e desportistas que propunham até aboli-lo em vista da desvantagem comparada à disputa do Campeonato Nacional. Tínhamos na Presidência da Federação a figura do saudoso e folclórico Rubens Hoffmeister que valorizava demais o Gauchão e não admitia em hipótese alguma a sua extinção. Em determinado conversa na rádio afirmou ao repórter: “Se terminarem com o Campeonato Gaúcho vão acabar com a rivalidade da dupla Grenal, pois é nesta disputa que ela realmente existe”. Nem tanto ao mar nem tanto a terra, mas havia grande dose de verdade. O principal motivo desta afirmativa é constituído pela disputa direta entre os dois grandes clubes do Estado. Se um não ganha é o rival que acaba vencendo. Não venham me dizer que os outros clubes também o disputam. São meros figurantes, pois se assim não fosse, como explicar que nos últimos 70 anos, somente em três oportunidades (Renner, Juventude e Caxias) não foi conquistado por um dos times da dupla Grenal. Acho que não precisa dizer mais nada. Os dados, por si só, demonstram a realidade.
E depois, caros colorados, se pudermos vencê-lo, porque deixá-lo para o rival da Azenha. Como é gostoso ganhar deles. É só lembrar-nos do último campeonato em que tiramos o pão da boca dos azulados de virada na própria casa deles. Que coisa boa!
Confesso que sempre valorizei o Gauchão e acho que continua mantendo o seu charme. Penso desta forma talvez por trazer em minha lembrança a época em que se constituía na única competição anual disputada palmo a palmo com o rival, fato que não deixou de existir nos dias de hoje. É bem verdade que na época o Campeão era contemplado com a participação na Taça Brasil. Mas esta disputa não continha Grenal, acrescida do fato de pouco termos participado da mesma, diante dos contínuos anos de vacas magras que se fizeram presentes durante a construção do Gigante da Beira-Rio. Eram, por assim dizer, anos de chumbo, mas a esperança do torcedor colorado sempre se renovava com a nova casa em construção. Perdemos 12 títulos gaúchos em 13 anos seguidos. E eles com a ironia diziam 12 em 13. Depois, meus amigos, com o Beira-Rio pronto veio a nossa desforra – 12 conquistas, mas desta feita, em menor espaço de tempo, qual seja, em 10 anos (entre 1969 e 1979), sendo 9 (nove) Gauchões e 3 (três) Brasileirões.
Diante do Campeonato Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil e Sul-Americana, a atenção passou a se concentrar mais nestas competições tidas de maior importância, sobretudo por serem de caráter global tanto no cenário brasileiro como sul – americano. A maior importância dada a elas decorre, justamente, da lucratividade, projeção de imagem e dificuldade de conquista, levando-se em conta o elevado número de grandes equipes participantes e candidatas ao título. Para tanto, basta verificar o pequeno número de conquistas coloradas e mesmo de outras equipes em relação ao tempo de existência das referidas competições.
Voltando ao nosso meio, hoje já contamos com 40 estaduais vencidos pelo INTER, apenas superado pelo Bahia (43 títulos) e igualado pelo Atlético Mineiro entre todas as equipes que disputam o Brasileiro da Série A do corrente ano, tratando-se de conquistas regionais. Pois bem, dessas 40 conquistas tive o privilégio de acompanhar mais da metade delas, as quais se deram já na era Beira-Rio, perfazendo o número 24, que corresponde a exatos 60% do total ganho. E sabem de uma coisa: não cansei de ganhar. Foram conquistas emocionantes. Afinal, qual o colorado que não gosta de colecionar títulos?
Em suma, meus amigos, e sem rodeios, gosto sim de disputar e, sobretudo, ganhar Gauchão e sabem por que? Porque, conforme já frisei, é deles que a gente ganha.
Portanto colorados, vamos na busca do 41º título Gaúcho, sem esquecer, é claro, das disputas maiores: Libertadores e Brasileiro e quem sabe em algo maior ainda no final do corrente ano.
Heleno Costi – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Colorado é a minha paixão!
Olá Heleno,
Faço de tuas palavras, minhas. O charme de um campeonato estadual está na rivalidade, mesmo que haja um diferença gritante, como a de Inter e grêmio.
SC!
Oi Melo,
Conforme falei ao Vidal e disseste, necessitaria de uma revisão e até revitalização.
Veja bem, hoje temos dois campeonatos gaúchos anuais. Um deles com a presença obrigatória da dupla Grenal e o outro com clubes do interior, tendo a opção de participar ou não. No caso o INTER tem participado com o INTER B e até ganhou no ano retrasado a Copa Arthur Dallegrave. Aí a pergunta: Por que a Federação não simplifica a coisa. Deixa as equipes do interior disputando e na fase quente entra a dupla Granal. A falta de coerência e bom-senso também tem sido uma prova. Marcar um Grenal entre dadas em que um dos participantes estaria disputando jogos da Libertadores, só podia dar no que deu, pois o INTER entrou com time reserva e o clássico que poderia ter mais de 30.000 torcedores acabou com 19.000.
O alto investimento feito pela FGF poderia assim ser melhor pensado e direcionado, com mais vantagens para os participantes.
Não vou me estender mais.
Abraço
Oi Vidal,
Também entendo que deveria haver algumas mudanças de critérios, sem, no entanto, apagar o nosso regional. Ele mantém sem charme e ganhar, como disseste, é sempre gostoso.
Abraço
Alô você Heleno!
Bela abordagem. Tô contigo, também acho o Gauchão charmoso. O que precisa é de quando em vez dar uma vitaminada. O Noveletto, estabeleceu uma posição muito sólida com patrocínios, divisão de enda, gerenciamento de gramados, um grande avanço. Se na parte de gerenciamento operacional vamos bem, é preciso rever o reestabelecimento dos clássicos regionais como Ba-Gua, Bra-Pel, Rio-Rio, Rio-Nal, Sa-Sa etc etc. Quem sabe a copa das copas com todos esses clássicos em mata-mata? Boa matéria para discussão. Parabéns Heleno, bela sacada!.
Heleno:
Fico feliz e satisfeito a cada conquista de título do Sport Club Internacional até de categoria de base ou de outros esportes, como no tempo do futsal. Isto deve-se porque gosto de ser “Campeão de Tudo”. Agora as coisas evoluiem, pois senão fosse assim deveriamos defender que os “Campeonatos Citadinos” continuassem existindo, pois a rivalidade neste caso ainda é maior. O Campeonato Gaúcho é importante quando a gente disputa, mas financeiramente e tecnicamente este modelo de calendário brasileiro, que prioriza os estaduais no primeiro semestre, está fálido e deve ser repensado bem como também a fórmula atual do campeonato brasileiro que é excludente e prejudicial aos clubes localizados nos extremos do país.
Saudações Coloradas.
Cláudio R. Vidal