Houve um tempo, la pelos anos 40 ou 50 que goleiro tinha que ser alto e loiro. Negro e jogador de futebol era mau visto, imagine goleiro.
Assim o Jornalista Michel Laurence, um franco-brasileiro nascido em Marselha em setembro de 1938, inicia sua obra, intitulada Causos do futebol – o carma do goleiro negro. O goleiro negro durante muito tempo carregou a pecha de ser azarado. Tudo tem início na década de 50 com o famoso goleiro da seleção brasileira naquele mundial perdido para o Uruguai na final.
Moacir Barbosa Nascimento, nascido em 1921 em Campinas era um extraordinário goleiro, contam, tendo iniciado a carreira como ponteiro esquerdo em 1940 e vindo a se transformar em goleiro em 1942 já no Ipiranga de São Paulo. Fruto seus desempenhos, foi contratado pelo Vasco da Gama em 1945, integrando o famoso Expresso da Vitória cruzmaltino sempre se notabilizando por excelentes atuações, desempenhos esses que o levaram a titularidade da seleção brasileira no mundial de 50. A história é por demais conhecida. O Brasil na final com um empate se sagraria campeão mundial. O jogo estava 1 x1 quando o ponteiro uruguaio Ghiggia, sem ângulo arrematou e Barbosa falhou. O Brasil perdeu o mundial e o estigma estava criado. Muitos negros tentaram ser goleiros, mas esbarraram sempre no infortúnio.
Barbosinha do Corinthians e Luis Borracha do Flamengo nos anos 60 são os exemplos. Mais recentemente o Brasil começou a produzir goleiros negros de muito boa qualidade: Dida (Vitória), Hélton (Vasco) e mais recentemente Felipe
( Flamengo) e Jeferson ( Botafogo) para citar penas alguns.
No Inter a história começa com Milton, um mulato cujo maior mérito foi o de integrar a equipe Colorada que participou da inauguração do estádio Olímpico, tendo aplicado um sonoro 6 x 2 no “valoroso” coirmão. Nos anos 60 mais precisamente em 1967 o Inter inicia sua participação no Robertão (primata do campeonato Nacional) e vai buscar em São Leopoldo (Aimoré) um goleiro negro, Valdir, que havia se destacado no campeonato regional defendendo o Aimoré.
No último dia 11 o Inter sagrou-se campeão da Copa Rio-Sub 17 e apresentou um promissor goleiro negro, trata-se de Wellington. A expectativa é que ele se torne profissional e seja um fiel defensor da meta colorada em um breve espaço de tempo. Talento e estrela ele já demonstrou que tem. Seri o primeiro goleiro negro da era Beira- Rio. Estamos torcendo, boa sorte garoto!
Paulo Melo – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
Vamo, Vamo INTER
Oi Melo,
Alguns anos atrás vi uma reportagem sobre a perda do Mundial em 50, atribuindo a falha do Barbosa no 2º gol. Com o tempo foi até amenizada ou inocentada em parte sua culpa no 2º gol do Ghiggia. Visto várias vezes o lance, não dá para atribuir somente culpa ao Barbosa, pois o Ghiggia avançou um campo inteiro e Bigode (ao que parece) na lateral direita e outros jogadores brasileiros só a observar a avançada do atacante. Pelo que parece Barbosa esperava o cruzamento, não fechando inteiramente o lado esquerdo do gol, pois o Ghiggia estava praticamente sem ângulo. A bola, por ironias do destino, deu uma picadinha antes de chegar ao gol, traindo por inteiro aquele que era o maior goleiro brasileiro da época. Uma pena.
Outro exemplo de goleiros negros que não citaste foi o Edinho, filho do Pelé. Com início promissor e talvez com a estigma de ser filho do maior jogador de todos os tempos, aliado o problema de drogas, acabou sucumbindo.
Vi a final dos guris contra o Flamengo e gostei muito do Wellington. Aí pode estar o futuro goleiro colorado.
Abraço