Muitas vezes fico pensando por que o futebol sempre foi e continua sendo capaz de gerar tanta mobilização e paixão. Chego à conclusão que deve ser porque de um simples esporte ele se tornou também um símbolo de civilização, de convivência pacífica, mesmo com objetivos contrários, em que os perdedores aceitam a derrota sem recorrer à violência contra seus adversários. Se atentarmos aos detalhes, por ser um esporte coletivo, no qual o “espírito de equipe” se sobrepõe à individualidade, o futebol consegue unir pessoas de todas as raças, de todos os credos, de todas as classes sociais, em todo o mundo
O futebol serve também para gerar uma identidade coletiva, que vai além do próprio time e se estende aos clubes, a seus torcedores ou simplesmente a qualquer adepto do esporte. Esse sentimento de união coletiva, encontramos facilmente até nos times das “peladas!” de bairros. Não conheço alguém que uma vez terminada uma “pelada de futebol”, de verdadeiros “pernas de pau” e de alguns que se consideram “craques” (na verdade, de araque) e depois não foi curtir bons “papos” e boas risadas com os amigos. Com exceção àqueles que a “patroa” fiscaliza.
Se pensarmos bem, um campeonato de futebol acaba sendo uma “representação da guerra”, pois se travam “batalhas” simbólicas, por noventa minutos, entre coletividades, locais, regionais, nacionais e internacionais, que são representadas por equipes de onze (11) jogadores (mais os substitutos), que buscam somente um objetivo, a conquista da vitória final. O mais interessante, é que ao final da “guerra” todos continuam felizes, uns mais e outros menos, mas não sobra nenhum resquício de disputa. Lógico, aparecem algumas “cabeças quentes”, que logo são identificados como “mal amados”, que querem a “revanche”, que o “juiz” roubou, e que precisam de alguma atenção para também relaxar e não destoar do ambiente.
Na última quarta-feira, dia 22/01/14, quando vi pela televisão, a partida do nosso Internacional com a agremiação amiga Novo Hamburgo, aquele comportamento totalmente fora de padrão de um atleta, ainda mais profissional, parei para escrever esse comentário. Pensei, nunca deve ter tido uma roda de amigos, mesmo desconhecidos até a “pelada”, nem ao menos participado de em uma “roda” da cerveja ou do refrigerante, dos salgadinhos, do bom papo, das risadas e das estórias. Nunca deve ter aprendido que a violência só promove quem tem carência de valores e, ainda, por ter 35 anos de vida, experiência como jogador até no exterior, deveria dar exemplo a essa garotada que joga (muitos que precisam jogar para a sobrevivência de suas famílias), pelos torcedores que vão aos estádios e, como eu e meus filhos que, longe do Rio Grande do Sul, assistimos aos jogos pela televisão.
Fico imaginando esse atleta e os integrantes da arbitragem, que nada fizeram para coibir a violência, quando chegam a casa e se olham no espelho ou nos olhos de seus familiares e amigos, será que não sentem vergonha. Depois quando marginais, pseudo torcedores, se agridem e se matam nas arquibancadas, todo mundo “lava as mãos”. Onde está a justiça desportiva que em uma situação dessas não age e acaba, de uma vez por todas, com essa “farra” da violência dentro dos gramados e que acaba gerando todo tipo de conflito também fora dos estádios.
Para encerrar esse comentário, penso no meu tempo de escola, no Colégio Nossa Senhora do Rosário, quando o regente da classe nos ensinou, para a vida toda, que responsabilidade não se delega, o que delegamos é a execução de alguma atividade, depois de analisar a perícia de quem irá fazer, para não sermos irresponsáveis, imprudentes ou negligentes.
É importante que todos tenham a consciência de nossa parte de responsabilidade e que não devemos medir esforços para manter o futebol como um gerador de mobilizações, de prática de civilização e de paixões sadias.
Alô você Pauperio!
Essa “coisa mal entendida” chamada virilidade que alguns confundem com agressividade, precisava ser melhor tratada entre os próprio jogadores de futebol para suas preservações, não achas? Isso não seria papel dos sindicatos?
Coloradamente,]
Melo
Melo, já que os maiores prejudicados com as consequencias da violência, são eles mesmos, os jogadores, também penso que a entidade de classe deles também deveria ter (não sei se tem) essa preocupação com a preservação física dos atletas.
Lendo hoje no site da GloboEsporte, me senti na obrigação de publicar esse comentário que se não me deixou feliz, me deixou mais tranquilo quanto a aplicação da justiça contra atos de violência no futebol.
“30/01/2014 18h45 Por Lucas Rizzatti Porto Alegre
Ao GloboEsporte.com, o procurador Alberto Franco explicou que analisou as imagens da partida, vencida pelo Inter por 2 a 1, após o Colorado apresentar notícia de infração disciplinar esportiva ao órgão. Dois lances foram considerados dignos de punição, segundo o procurador. Primeiro, quando Luis Henrique deixou o pé sobre o peito do lateral Raphinha (assista ao vídeo abaixo). Depois, uma cotovelada sobre Aylon.
Assim, Luis Henrique foi denunciado no artigo 254 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que pune a prática de jogada violenta, e pode pegar de um a seis jogos de suspensão ou advertência. O defensor também será julgado no 254-A, sobre agressão física e que prevê pena de quatro a 12 jogos.O árbitro Luiz Teixeira foi colocado no artigo 260 e pode ser suspenso de 30 a 180 dias ou ser advertido”.
Cabe agora acreditar no julgamento justo dos envolvidos nos fatos.
Alô você Pauperio!
Perfeito, mais do que tudo isso me chama a atenção a falta de representatividade para reivindicar os direitos dos torcedores, alguns deles constantes no desacreditado e desmoralizado Estatuto do torcedor.
Coloradamente,
Melo