Para eles é claro, porque para nós colorados foi glorioso.
Estou falando dos 60 (sessenta) anos, completados dias atrás, da passagem da maior goleada levada pelo adversário, na inauguração do Estádio Olímpico.
E foi exatamente no dia 26 de setembro de 1954, que o INTER deu um duro golpe neles, que até hoje não esqueceram daqueles 6×2 sofridos. E talvez temendo a repetição do feito, procuraram, anos após, na inauguração do Gigante da Beira-Rio, não ir lá jogar e compartilhar da festa colorada, mas bagunçar e tirar o brilho, o que acabou gerando o famoso Grenal da pancadaria.
Naquela tarde primaveril de 1954, tudo estava programado para a desforra, uma vez que pretendiam dar o troco do 1º estádio de propriedade colorada, os Eucaliptos, inaugurado em 15.03.31, quando o INTER aplicara a goleada de 3×0. E desde então, só dava o colorado. Imaginem que foi a partir daí que surgiu o famigerado ROLO COMPRESSOR.
Pois bem, já no ano de 1954, em que o INTER não conquistara o Penta
Campeonato, sendo interrompido pelo Renner (ficamos com o Vice e eles em 3º), seria a oportunidade de darem a 1ª volta olímpica, iniciando um novo ciclo no estádio que estava sendo inaugurado. Além do que, já tinham vencido o jogo de abertura contra o Nacional de Montevidéu 2×0 (19.09) e era só superar o colorado, que também vencera o seu jogo contra o Liverpool do Uruguai por 4×0 (20.09). Seria a conquista do Troféu Relógios ESKA, instituído para o vencedor do torneio inaugural.
Tudo estava preparado por eles no grande dia. Todavia, não contavam com a máquina colorada, também conhecida como o “O Novo Rolo Compressor do técnico Tetê” e, sobreduto, com a endiabrada tabelinha de Larry e Bodinho. E foi nesse jogo, em seu 1º Grenal, que o grande Larry Pinto de Faria deitou e rolou, fazendo 4 (quatro) gols (Grenal de nº 135). Foi tão pitoresca a goleada, que no 4º gol sofrido, o arqueiro tricolor: Sérgio Moacir Torres, perdeu a paciência com seus companheiros e, sem maiores explicações, abandonou a meta em direção ao vestiário. Ninguém entendeu nada. Alguns jogadores do INTER correram até ele e ouviu-se a voz de Bodinho, dizendo: – Volta, covarde, para tomar mais quatro (conforme consta no site oficial do Clube). Demovido da ideia, Sérgio acabou voltando à meta azul, levando só mais dois, talvez por piedade, e não mais os quatro prometidos pelo Bodinho.
E, para culminar com aqueles 6×2, do inesquecível 26 de setembro negro – tricolor, quem acabou dando a 1ª volta Olímpica no estádio foi o INTER.
O time vencedor teve a seguinte formação: Milton, Florindo e Lindoberto; Oreco, Salvador e Odorico; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Canhotinho.
Os gols foram marcados por: Larry (4), Jerônimo e Canhotinho.
A goleada foi tão traumatizante que sequer é mencionada no site oficial deles, em se tratando da festa inaugural do estádio. E temendo novo fiasco na inauguração do Beira-Rio, durante a semana que antecedeu o jogo começaram com um clima de provocação, a ponto de chegar o momento da partida e gerar o famoso Grenal da pancadaria, referido antes. O jogo não terminou, ficando em 0x0 com 20 jogadores expulsos e a 1º vitória ficara reservada para o Grenal seguinte.
E assim, como o lacre do 1º vencedor de estádios inaugurados sempre é do INTER, aconteceu o Grenal no Beira-Rio (nº 191), vencido pelo colorado por 1×0, em 21/09/69, com gol de Sérgio Galocha. E a 1º volta Olímpica no Gigante também foi colorada, dois meses após com a conquista do título gaúcho em cima deles.
As esperanças tricolores continuaram vigentes e com a inauguração da Arena seria a chance de darem o troco. Desta feita não nos convidaram com medo de novo fracasso.
Não houve vitorioso nos dois primeiros Grenais lá realizados, nos quais o adversário somente conseguiu empatar, sendo o escore de 1×1 em ambas as partidas, com gols de penalidades assinaladas a seu favor.
E mais uma vez a 1ª vitória em Grenais na Arena foi colorada. Aconteceu no corrente ano (nº 400), naquela gostosa virada de 2×1, com ambos os gols de Rafael Moura.
Bem, a esperança derradeira deles seria no Grenal de Reinauguração do Beira-Rio e mais uma vez, para seguir a rotina, deu INTER com o escore de 2×0. Para maior felicidade nossa, do lado deles houve a estreia do ídolo Luiz Felipe Scolari, o Felipão, depois de responsabilizado pelo acachapante fracasso no Mundial pelo Brasil.
É, meus amigos, em se tratando de inauguração de estádios próprios, sempre tiveram a frustração de verem os colorados serem os primeiros vencedores. Sorte deles que na inauguração da Baixada, em 1904, o INTER ainda não existia, o que aconteceria somente 5 (cinco) anos após, senão teriam mais um revés na história para amargar.
Pelas perspectivas que se tem pela frente, um novo estádio da dupla deverá surgir somente dentro de 40 ou 50 anos, dadas as modernas condições dos dois estádios recentemente inaugurados.
Até lá, quem sabe, alguns dos leitores do texto tenham a felicidade de estar presentes e preparados para uma nova vitória colorada, pois o seu pioneirismo vencedor, ao que tudo indica, já está patenteado.
Saudações Coloradas
Heleno Costi
TEM COISAS QUE NÃO SÃO REVERSÍVEIS. GRANDE HELENO!
Alô você Heleno!
Mais um notável texto de rebuscada pesquisa. Aliás textos com esse teor e essa qualidade são marcas registradas do “nosso historiador”. Tempos após tempos “eles” pretendem fazer esquecer esses dados, mas somente a vigilância de pessoas como o grande Heleno faz com que permaneça viva em nossa memória e de vez em quando vem um Rafael Moura e marca o território como bem frisastes, para que não esaqueçam jamais que o “papai é o maior”.
Coloradamente
Melo