CARLITOS, um ídolo com efeitos exclusivos

Falar de Alberto Zolim Filho, mais conhecido por CARLITOS, é falar de um dos maiores jogadores da história do S.C. INTERNACIONAL.

Não é para menos, que a Revista Placar em sua edição especial do Centenário do INTER, ao selecionar os 100 maiores jogadores da história colorada, posicionou-o em 5º lugar, atrás apenas de Falcão, Fernandão, Tesourinha e Figueroa. Ainda nos anos 90, a citada revista simulou o INTER dos sonhos (de todos os tempos), colocando Carlitos na ponta esquerda da equipe (anexa).

De grande raça e velocidade, era considerado um atacante notável, que chutava com os dois pés e o que mais chama atenção em sua biografia são seus feitos exclusivos, alguns até inéditos.

Dentre eles, destaca-se como o maior goleador da história colorada e o jogador a fazer maior número  de gols para um único clube do RS. A ele são atribuídos 485 (quatrocentos e oitenta e cinco) gols, exclusivos para o INTER, porque jamais defendeu outro time. Pode não parecer tanto, se comparado com outras estrelas brasileiras (Pelé, Romário, Zico entre outros), porém, adianta-se que nem o próprio Maradona, tão idolatrado pelos argentinos, fez tanto. A este foram computados somente 358 (trezentos e cinquenta e oito) gols, em toda a carreira. Não estamos aqui comparando tecnicamente os dois jogadores, pois reconhecemos os atributos inquestionáveis do ídolo argentino. Estamos apenas informando dados estatísticos, os quais demonstram que Maradona, que veio depois, fez menos gols do que Carlitos ao longo de sua carreira.

Conforme já dito, jogou somente pelo INTER e foram ao longo de 14 anos (1937 a 1951). Não aceitou vestir outra camiseta, apesar de propostas recebidas, numa época em que o senso  amadorístico ainda  se fazia bastante  presente. Seu amor pelo INTER era tão grande, que colocou o nome de seus três filhos, com a letra inicial “i”, em homenagem ao Clube.

Em sua carreira computou 10 títulos de Campeão Gaúcho e 10 Metropolitanos. Fez parte do lendário Rolo Compressor. Ao lado de Tesourinha era o maior ídolo colorado, marca mantida por ambos até os dias de hoje, conforme referenciado acima pela Revista Placar. Registra-se que na época o futebol restringia-se a quase exclusivamente ao cenário estadual, não havendo disputas nacionais, o que provavelmente teria levado o craque a ser, ainda mais, alvo e cobiça de outros clubes e, quem sabe, até jogado pela Seleção Brasileira. Futebol não lhe faltava para isso.

Curiosamente, em sua biografia consta apenas uma expulsão, numa das maiores viradas históricas do colorado, pois perdia para o Renner por 4×0 e numa incrível virada venceu por 5×4. Carlitos, faltando apenas um minuto  para o final do jogo foi expulso, porque demorou a cobrar um escanteio. Na época ainda não havia a punição por cartões. Hoje, certamente, seria advertido no máximo com advertência prévia pelo cartão amarelo.

Ainda, em se tratando de feitos exclusivos, foi o maior goleador em Gre-Nal, marcando 42 gols em 62 clássicos disputados, segundo o site oficial do Clube.

Também se constitui no jogador colorado de maior número de gols realizados num único jogo. Fez 7 (sete) contra o time Sokol, numa histórica goleada de 13 x 1, durante o Torneio Relâmpago, vencido pelo INTER, em 1939. É certo que o adversário não era lá essas coisas, mas nenhum outro jogador conseguiu superá-lo neste particular, mesmo enfrentando equipes bem mais fracas.

Outro fato a destacar ocorreu no ano de 1947. A grande sensação considerada pela mídia do centro do País era o Flamengo do Rio de Janeiro, que aqui chegara para mostrar o tão propalado futebol. Levou 6×2, com Carlitos sendo o grande herói do jogo, fazendo 4 gols. Os cariocas se encantaram com o futebol do craque, mas não puderam levá-lo para lá, porque nada deste mundo tirava o jogador do colorado.

Além de ser o maior goleador em Gre-Nal, outros fatos relacionados a sua participação no clássico merecem ser destacados. Sua estreia deu-se no de nº 053, na data de 05/06/1938. O jogo foi realizado  no Estádio da Timbaúva, cujo resultado terminou em 4 x 4 e ali o ponteiro já deixou sua marca, assinalando o seu 1º  gol no rival. Atuou no famoso Gre-Nal de nº 88, de 24/06/45. Histórico, porque naquele jogo o INTER ultrapassou o rival em nº de vitórias e nunca mais foi alcançado, cuja diferença, hoje, já atinge a 26 a mais. No mesmo jogo,  Carlitos  outra vez deixou a sua marca de gol no adversário, numa goleada de 4×1.   No Gre-Nal de nº 102, realizado em 17/07/48, chegou a fazer 3 gols na esmagadora vitória de 6×2. Depois, no de nº 104 (17/09/48) fez 2, tendo como resultado 7×0, que está registrado como sendo o da maior goleada colorada na história do clássico.

Desde sua estreia em Gre-Nal (nº 053), até a sua despedida (n°121), ocorreram 69 clássicos, dos quais participou em 62, correspondendo a 90% deles. No INTER, com o legendário Rolo Compressor venceu a grande maioria, com 41 vitórias (59,5%), ficando o adversário com  minguadas 11 (16%) ao largo de 14 anos. Houve 17 empates (24,5%). E, segundo já mencionamos, Carlitos fez 42 gols, nunca atingido por outro jogador em toda história do clássico.

Em qualquer biografia do craque, é sempre lembrado o famoso e inédito “Gol do Plano Inclinado”, feito contra o Cruzeiro de Porto Alegre, em 1945, em que o atacante entrou correndo na pequena área, passou da trajetória da bola, mas encontrou tempo e forças para voltar  jogando-se para trás e marcando o gol de cabeça.

E para finalizar os feitos do ídolo, nunca desperdiçou um pênalti sequer. Um fato inédito em nosso futebol, ao menos aqui no rincão gaúcho. Isso é claro, em se tratando de batedores frequentes de penalidades como no seu caso.

Carlitos veio a falecer em 2002, aos 79 anos (site do INTER consta 2001), sem tempo de vivenciar os maiores feitos de seu time de coração, nas conquistas: Campeão da Libertadores, Mundial FIFA, Recopa e Sul-Americana. Por certo, presenciou e vibrou com tais façanhas em outro plano espiritual.

Que Deus o tenha, grande e inesquecível Carlitos!

 

Saudações Coloradas

Heleno Costi

5 thoughts on “CARLITOS, um ídolo com efeitos exclusivos

  1. Pauperio, tuas palavras são como se dizia antigamente: uma injeção de óleo canforado. Conforme citei no WattsApp, a decisão em princípio não seria definitiva. É que no momento, pelas razões citadas “de foro íntimo”, não me leva a comentá-las, ficando adstritas a minha pessoa, principalmente para evitar desvirtuamentos ou outras conotações.
    De qualquer forma, o grupo dispõe de outros integrantes conhecedores da história do Clube como ninguém. É o teu caso e do Melo, além de outros.
    E, segundo falei em e-mail para a Cláudia, minha saída momentanea do Grupo não significa abandono, uma vez que estarei acompanhando as ações e comentários dos participantes.
    Saudações Coloradas

  2. Claudia, Tinha anexado umas 6 fotos. Por provável falta de espaço, devido à extensão do texto fez com que o trabalho de edição não as tivesse colocado.
    SC

  3. Heleno, sinceramente, tem pessoas que são insubstituíveis e você uma delas. O BAC sem suas postagens e comentários perde muito e por mais razões que possam existir, penso que você não deve ou deveria se afastar do blog. Acredito entender as suas razões ou razão, mas nós perdemos muito. Pense nisso, amigo.

  4. Mestre Heleno,

    Aula de História é excelente, ainda mais, quando fala de um dos maiores jogadores da história do nosso Inter. Bom seria, se tivéssemos acesso ao acervo de imagens e vídeos das época, contando a história e mostrando lances inéditos de Carlitos.
    Conheci, um pouco, sobre ele, quando meu pai narrava seu feitos.
    Espero que, os próximos, livros do Inter tenham mais conteúdo histórico, do que, narrativa de autores sobre impressões da época citada.

    Saudações Coloradas.

    Claudinha

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