Fui a um greNAL com meu pai e meu avô, durante o qual não conseguia tirar o olho das arquibancadas. Metade era azul e metade era vermelho. Duas metades, bem divididas, que deixavam o velho gigante estremecendo de tanta alegria e força. Claro, que no final uma metade sempre saia cabisbaixa e sei bem porque, na maioria das vezes, era a metade vermelha que cantava.
Também lembro bem que depois de nos ajeitarmos na superior, em baixo do boné (A Maior Torcida do Rio Grande), comentei que estava impressionada com a beleza daquele palco. Foi o sinal para que meu avô me contasse os inúmeros greNAIS no Olímpico, no Eucaliptos…. que ele já havia assistido ao lado de gremistas e que aquela separação não era bem vinda.
“Pode ficar bonito, mas não é assim que o Gigante deveria estar”, disse ele, com certa cara de amargura! Ganhamos mais um greNAL e na saída, dentro da velha Sinca Chambord do meu pai, nos dirigimos para a zona norte de Porto Alegre. O caminho foi de buzinas, bandeira na janela, mas muitas perguntas.
Ora, era difícil saber porque o Beira Rio não deveria estar como estava, se realmente me parecia fantástica aquela multidão de gente sob duas cores. Então, já próximo da Volta do Guerino, (por lá também andava o senhor Ênio Andrade-mestre) ouvi algo que nunca me saiu da cabeça: “Quando os homens começam a separar começam a brigar. Se a coisa for por este caminho, vamos presenciar guerras logo logo”.
Sábio o meu avô Castelo, de apelido assim porque vendia vinhos Castelo. Taxista, apaixonado por mulheres morenas e assustadoramente colorado! Não foi premunição. Foi saber de vida!
Pois então, saúdo a ideia da nova administração do Sport Club Internacional que revive esta situação, de forma corajosa e bem intencionada ao propor um setor de torcida mista para o próximo greNAL no Beira Rio, dia primeiro de março.
Quem sabe o palco da copa do mundo não será também o precursor de uma nova era, onde o futebol voltará a servir aos torcedores como modelo de paz, tolerância, convivência e amizade! Sim senhores, existe uma luz no fim do túnel destes tempos sombrios. O INTER faz uma tentativa de mudar o caminho que parece ser o de torcida única, em todo o país.
Fico imaginando meu avô, ali na inferior, tão perto do campo quanto a coréia, onde estivemos tantas vezes, ao lado de um gremista e gritando: ” Co-co-coloradooooo”! Estaria ele feliz em fazer parte deste momento tão antigo, num Gigante modernizado. Desconfio que ele vai estar lá, se isso realmente acontecer. E na comemoração da vitória, mais uma vez, ao ouvir buzinas e os torcedores felizes cantando, meu coração vai se encher de paz e saudades!!!!
Que seja assim colorados! Saudações !!!
Adriana Paranhos
Adri, não abro mão do portão 8, antiga social, mesmo com chuva, temporal ou sol escaldante, sempre na primeira fileira de cadeiras, na marca do escanteio, emitindo energia para todos. Quem sabe um dia, todos do BAC, no portão 8?
Alô você Adri!
Também saúdo a iniciativa da direção Colorada, nesse caso liderada pelo Alexandre Limeira. Tomara que saibam entender o propósito e ajudar para que a civilidade proposta se perpetue. Nos anos 70, costumava ir a greNAIS com emu cunhado e cunhada ambos torcedores do nosso “cliente preferencial” e sentávamos exatamente na divisão de torcidas. Nós éramos o limite ficávamos lado a lado eles do lado triste e eu e a Ju no lado normalmente alegre. Queira Deus que isso possa ser repetido.
Coloradamente,
Melo