A receita

O futebol sempre foi dividido entre os que acreditam no futebol arte de talento e técnica e no futebol força de garra, perna e pulmão. A proporção entre os dois grupos  sempre foi muito grande, com adeptos de defensores para ambos os lados. Com a chegada do futebol de resultado, os clubes pensaram em aplicar a racionalidade em todos os aspectos do futebol, inclusive nas crenças. A partir daí, o número de atletas formados e já promovidos ao grupo profissional começou a crescer. Antes o guri pra pegar uma vaga no profissional tinha de ralar muito.

Contudo, a “crença” no futebol como negócio evoluiu muito com o passar do tempo. Se ser atleta é treinar e ter um bom empresário, a maioria passa simplesmente a jogar logo depois de aprender a chutar ( mesmo torto) uma bola . Isso é fácil de fazer: pegar um sistema, como a lei do passe, encontrar uma falha na base do sistema (ou pensar que encontrou) e desmerecer todo o resto. Aí decretar a “liberdade” do jogador e entrega-lo a um “tutor” (empresário) e fazer do futebol um grande negócio onde todo mundo ganha dinheiro em cima da paixão do torcedor.

Se você parar para pensar, o futebol está por aí há bastante tempo. Bastante mesmo. Uns 150 anos. Já tem tempo de formar  um conjunto de costumes e tradições que vêm se acumulando de gerações. Simplesmente assumir que está tudo errado e não repousar um olhar mais atento à complexidade do esporte como um negócio como qualquer outro  é cometer um crime. Futebol não é negócio apenas. É paixão.

Entramos chutando na porta do grupo 1

Abaixo, discuto quatro pontos que determinam que o futebol não pode evoluir tanto pois senão perde a graça:

1. A base só forma a partir da repetição de fundamentos:     

Os clubes estão partindo do pressuposto que tem que formar atletas para venda. Isso se reflete no modo de trabalho: os nossos atletas acabam chegando ao profissional sem um grande trabalho dos fundamentos. Pois não há tempo para isso, precisamos subir com o menino para o profissional logo, certo? Errado.

Se não houver um trabalho exaustivo nas categorias de base, estaremos formando uma legião de Jôs….

Note que, de fato, o atleta que realmente se dedica ao treinamento como, Damião, Oscar,D’Alê, Indio, Nei e Tinga  aprendem muito bem. Se não aprendem se recondicionam.

2. Eles não são apenas corpos, são também cérebros

Nossa sociedade é muito racional. Inspirada pela filosofia dos gregos antigos, há um culto muito forte da racionalidade. Mas, a verdade é que somos um conjunto formado por corpo e mente; focar em apenas uma das partes não nos leva muito longe. O jogador precisa ter um nível de conhecimento de tudo aquilo que o cerca, principalmente hoje que o futebol é muito número e muito menos bola..

Uma ação física deve ser  reforçada com uma ideia filosófica.

3. Uma questão de perspectiva

Há a ideia de que os jogadores de bola são pessoas de “outro mundo”, que vivem em bolhas pessoais e cujo processo de coordenação motora com a bola é algo sublime. Há um consentimento geral que obras de artes são feitas não para serem compreendidas, mas sim para abrir espaço a várias interpretações. Por isso, a sensação mais comum quando você entra em um museu é de incompreensão.

O futebol tem sido mais ou menos assim: tem gente que falou que o Inter foi bem em Manizales, outros afirmaram que o time apresentou falhas. Tem gente acha que o time vai entrar com um plus na fase de grupos pois entrar cedo em jogos de competição, outros acham o cansaço pode bater antes também. Tudo uma questão de perspectiva.

O segredo: convição, treino e raça

4. Nós precisamos nos unir

Em outras palavras, você não vai ganhar a Libertadores ou o Brasileirão sozinho. Não é publicando um livro sozinho, ou protestando sozinho, ou xingando no Twitter sozinho. Por mais que uma pessoa possa fazer só, nunca será o suficiente. É preciso arrastar massas para ouvi-lo. Futebol é coletivo. Não se ganha só com D’alessandros e Dagobertos. Se ganha com Eltons, Bollatis e Moledos também.

Se você não acredita em tudo o que eu disse, você não precisa negar o “pacote inteiro” também. Você não precisa escolher entre uma vida religiosa  e uma vida devassa. Entre um time só técnico ou uma equipe só força. Você pode fazer uma mistura, pegar o que achar de melhor em jogar bola.

Há muita gente que não acredita na doutrina, mas gosta dos rituais. Por exemplo, não é Cristão, mas gosta do feriado e do clima do Natal.  Podem não gostar dos treinamentos, mas nossos jogadores tem que ralar muito para chegar numa equipe compacta e alcançar os resultados. Porque falo isso? Porque só enxergo 3 equipes com esse potencial de mesclar tudo isso pois mantiveram-se as bases: Inter, Corinthians e Fluminense.

Eu já fui o tipo chata que criticava só pelo mau resultado, que gostava de debater por nada. Eu achava divertido. Hoje, vejo qual o ponto disso. Qual o sentido? O que eu realmente deveria estar procurando? O objetivo final é o mesmo do seu. O melhor do Inter. Entramos na Libertadores com um bom time e chutando a porta do grupo 1. Mas muita coisa ainda deve ser melhorada… quanto mais o time treinar, mais vitórias ele poderá colher, e mais títulos o clube  poderá conhecer vir a ter…

Beijocas.

Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
Inter: no campeonato das paixões és líder invicto e isolado!

42 thoughts on “A receita

  1. Jogando apenas com o goleiro Muriel como titular, o Internacional arrancou um empate por 2 a 2 com o Grêmio, no estádio Olímpico, mostrando que realmente tem um grupo de qualidade. O argentino Dátolo e Bolívar se mostraram capazes de calgar à equipe titular a qualquer momento. Dátolo foi o autor do primeiro gol, mas o Grêmio conseguiu virar em um pênalti contestado e com um gol sem querer de Marquinhos.
    “Fui cruzar o fiz o gol”, admitiu Marquinhos. Ao final da partida, a torcida gremista vaiou o time e, principalmente, o técnico Caio Júnior. Parece que a história se repete…

    1. é verdade, mas vale a pena lembrar que: 1) falta zagueiro neste grupo 2) tem muito volante 3) não há lateral direito reserva 4) quatro argentinos e só podem jogar três 5) tem o Jô…

    1. Eu tb não sou de preservar mas cada caso é um caso…neste, eu entendo pela viagem cansativa e é melhor ficar treinando do que acontecer o que aconteceu com o Mario Fujão é o Julio Cesar…

  2. Bah Mazzuco, venho falando e escrevendo sobre isso. Já passou da hora de dizer abertamente que não haverá obras com essa empreiteira enroladora. Nosso Clube está virando chacota nacional por causa desta situação. Se a Direção (atual, anterior, todos são dos mesmos grupos, não entro nessa de situação e oposição) não quisesse perder a Copa para a Arena, já teria rompido de vez com essa AG. Nosso clube é maior que uma empreiteira.

  3. o Inter parece ter um dedo bom pra escolher argentino. Salvo o Cavê que não deu certo pq não teve chance com o estouro do Damião…parece q estamos no caminho certo….a propósito…D+++++ DAMIÃO,DALESSANDRO,DAGOBERTO,DATOLO…

  4. O time do Inter é bom e pode fazer frente à Corinthians e Fluminense que tão com muito cartaz por ser do eixo RJ-SP. Pena eu tenho do time do gremio que acha que tem um bom time. Com um kleber encrenqueiro e um centroaravante mediano, eles tem um time melhor do que o ano passado, ou seja, dá pra ficar em sétimo ou sexto no brasileirão, no máximo

    1. Eu também penso assim: Inter, Fluminense e Corinthians com equipes formadas desde 2011, estrutura e opções tecnicas. O resto é o resto…

  5. O Muriel se mostrou um bom goleiro. Foi indeciso no gol do Marquinhos mas é uma falha que se permite.
    1. Muriel 2. Nei 3.Moledo 4. 6. Kleber 5. Guinazu 8. Bolate 16.Oscar (Datolo) 10.D’Alessandro (Datolo) 20.Dagoberto (Datolo) 9.Damião

    1. Assim é o meu time tb . Só acho que devíamos ter nos esmerado nas negociações do Tolói e do Manoel..espero q não precise. Obrigada pela participação.

  6. O resultado é o que menos vale. O clube tem que abrir oolho pois a Arena tá a todo vapor e a Andrade Gutierrez cadê??? Ai ai ai ai….. Não podemos marcar passo em relação a isso. Vi os dois jogos do Santos e temos plenas condições de terminar em primeiro lugar no seu grupo. O confronto lá em Santos é que fará a diferença contra a RAI, República Argentina do Internacional…

    1. Obrigada pela participação Priscilla, continue visitando o AC e deixe seus comentários, o Inter e nossa torcida precisam de mulheres atuantes como vc.

  7. O Grenal acabou sendo uma vitória de 2 a 2. O Inter foi um time se entrosamento e sem compromisso. O Jô é ridiculo, eu tenho vergonha de vê-lo no time e ele tinha de ter vergonha de jogar.

  8. Simone, muito boa a tua postagem, assim como os comentários a respeito. É de fazer pensar… Também tenho certeza que disciplina, dentro e fora do campo, trabalho e dedicação sempre trarão bons resultados. Nada, na vida ou no esporte, sem crenças, sonhos, sacrifícios e luta com muita garra, trará bons resultados. Um pouco de humildade, saber escutar e aproveitar as críticas construtivas e, principalmente entender que sempre poderemos evoluir e melhorar mais, deve ser uma meta de todos nós. Felizmente para nós COLORADOS, aprendemos a ser vencedores, a ganhar tudo, a não contentarmos com maus desempenhos, e, por consequência, críticos e exigentes em demasia, mas, por outro lado, nos doamos inteiramente e apaixonadamente ao nosso INTERNACIONAL.

  9. Grande Inter, o que dizer depois de um grenal com reservas e o Gremio com o Kleber bate na muié e o marcelo moreno??? ha ha ha, Dátolo neles…

    1. Bom, Gilmar Bom, o negócio é o seguinte: em mulher não se bate nem com uma flor, agora em mulher gremista permita que se jogue o vaso na cabeça….Que feio Kleber Troglodita rsrsrsrsr

  10. Acredito que o Inter vai ter um grande ano de 2012, com os reforços (falta zagueiro) e com a união de um grupo mantido do ano passado vamos longe…

    1. Tem que se lembrar que grenal é grenal ( e vice-versa rsrsr) e não podemos ficar concencidos com o bom momento. Há deficiências no grupo.

  11. Alô você Simone!
    Antagonismos, ângulos de visão, revisão de conceitos, teimosias, contradições. Não engessar é preciso, e por isso ele se sustenta. Grande C. Muller, que sacada você deu!
    Belo post.
    SC

  12. Simone:
    Concordo plenamente contigo, pois a união da força com o talento nos fez Tri-Campeões Brasileiros e o melhor time da década de 70 do Brasil. Para mim foi as melhores equipes coloradas que tive a oportunidade de ver jogar.
    Os quatro pontos que tu levantas para fazer um time vencedor estão corretissimos, principalmente, em dois aspectos: os fundamentos e a nossa união.
    A cartilha da filosofia de futebol a ser empregada pelo clube deveria ter como ponto pricipal treinamento de fundamentos, pois senão fosse este trabalho tão importante o Beira-Rio não teria visto: o gol antológico do Falcão com a tabelinha de cabeça com o Escurinho; Valdomiro não seria o melhor ponteiro da história do Beira-Rio e um dos melhores batedores de falta da sua época, neste quesito que temos deixado a desejar lembro mais recentemente de Jorge Wagner e Alex, pois estes treinavam muito este tipo de fundamento e portanto faziam muitos gols assim; Escurinho não teria feito tantos gols de cabeça; entre tantos que melhoram o seu futebol a partir da dedicação nos treinamentos dos requisitos básicos para ser um jogador. Saudades da época do Sr. Abílio dos Reis, pois este era um mestre em garimpar talentos e treinar fundamentos com seus atletas a exaustão e com isso geraram tantos craques vindos da base.
    Agora o mais importante mesmo é a nossa UNIÂO, pois só ela nos fez sermos “Campeão de Tudo” que somos hoje e fundamentalmente sermos de verdade o “Clube do Povo” do Rio Grande do Sul como diz no nosso hino. Essa UNIÂO precisa ser verdadeira, pois lembro de um feito que me marcou como ser humano era uma disputa presidencial do Inter e o Sr. Marcelo Feijó ganhou a eleição e convidou o Sr. Frederico Arnaldo Balvé, que era do grupo oposicionista, para ser seu Vice de Futebol e na hora ele aceitou. Sr. Balvé perguntado pela imprensa depois se ele tinha mudado de lado, o Vice-Presidente de Futebol respondeu: “eu amo o S.C.Internacional e a eleição acabou, portanto eu tenho que ajudar o meu clube”. Esta atitude nos levou ao Tri-Campeonato Brasileiro Invicto. Um outro momento mais recente foi no segundo tempo do jogo contra o Once Caldas no Beira-Rio, pois passavamos dificuldades e eramos pressionados em nosso campo de jogo, e um grupo na social puxou o canto e o estádio todo começou a cantar, a partir desse momento o Inter voltou ao controle da partida. Isto só nos demonstra que quando estamos unidos e embuídos do mesmo pensamento, seja: direção, jogadores, comissão técnica e torcida, somos fortes e chegamos longe.
    Por uma América Tri-Vermelha!
    Saudações Coloradas.
    Cláudio R. Vidal

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