O FUTURO DO PARQUE GIGANTE

 

Eis, meu título (Imagem Arquivo BAC)
Eis, meu título (Imagem Arquivo BAC)

        Sem dúvida é uma incógnita.

        Indagações e hipóteses têm sido formuladas pelos associados. Mas, para que se tenha uma resposta mais condizente, entende-se necessário fazer uma breve retrospectiva daquela beleza situada na orla do Guaíba.

        O Parque Gigante nasceu em 1983, logo após a gloriosa década na qual o INTER foi consagrado como o melhor time brasileiro. O objetivo era proporcionar uma extensão social aos colorados junto ao palco das grandes conquistas, o Gigante da Beira-Rio. Aliás, também inspirador do próprio nome do Parque.

        Admitimos que, no início, vendo piscinas e churrasqueiras a céu aberto, não ficamos muito entusiasmados. Contudo, anos após, com melhorias e acréscimos feitos nas áreas de lazer e esportes, incluindo-se a piscina térmica, este signatário não mais resistiu e se associou.  Lá se vão 23 anos.

    Naquele ano de ingresso (1991) e subseqüentes, via-se um nº significativo de entusiastas freqüentadores, com churrasqueiras, piscinas sempre repletas e áreas de lazer bastante movimentadas.

        Com o passar do tempo, notadamente nos últimos anos, tudo parece ter se modificado: baixa freqüência e reduzido nº de sócios.

O pôr do sol de Pinheiro Borda (Imagem: Arquivo BAC)
O pôr do sol de Pinheiro Borda (Imagem: Arquivo BAC)

      As áreas, outrora limpas e bem conservadas, nos dias atuais já não comportam o mesmo visual de antes, com aparentes ares de abandono. Embora situado numa área privilegiada, às margens do Guaíba, tendo ao fundo um magnífico pôr do sol, que o saudoso José Pinheiro Borda dizia ser o mais belo do mundo, o Parque parece estar perdendo o seu encanto. E aí nos perguntamos: O que, efetivamente, está acontecendo com o PG?

É uma pergunta que buscamos respostas.

Tem se constatado ser esta uma preocupação geral dos associados.

Há questão de semanas atrás, o Jornalista Hilton Mombach tratou no Correio do Povo de matéria pertinente, incluindo o manifesto de associados descontentes com o destino que está sendo previsto para o PG. Numa de suas colunas foi comentada a possível extinção do Parque. O atual Vice Mauri Luiz da Silva assegurava na oportunidade: “enquanto eu for vice do Parque Gigante, nem pensar em abrir mão deste espaço social incomparável. Portanto, que os associados cobrem de gestões futuras caso o assunto volte a ser pauta, o que eu não gostaria”. Pois aí é que mora o perigo, sabendo-se que o ocupante de um cargo de gestão pode ser substituído a qualquer momento. E depois, como é que fica?

        Há informações de correntes no próprio Conselho, que defendem a extinção do PG, aproveitando sua área ao benefício e exploração do Clube. Outra corrente defende que, a exemplo do Estádio Beira-Rio, seja o Parque remodelado e reaberto para ingresso de novos sócios, cobrando-lhes uma jóia real e compatível com os preços de mercado. Esta última idéia parece-nos bastante apropriada.

        Também não pode ser descartada a ambição de grupos privados no negócio, haja vista estar o PG situado numa área nobre da cidade, na qual, em seu projeto original, era prevista até a criação de uma marina.

Dentro desse espírito, deve ser enfatizada a preocupação e o conseqüente movimento de sócios na defesa do seu patrimônio.

        Entre eles, tomamos conhecimento no facebook do grupo: “VAMOS SALVAR O PARQUE GIGANTE, no qual são feitas publicações dos associados em defesa do patrimônio. Vale a pena acompanhar e, no entendimento de cada um, abraçar a causa que vem sendo propugnada.

Ainda é tempo de salvar essa maravilha (imagem: Arquibvo BAC)
Ainda é tempo de salvar essa maravilha (imagem: Arquibvo BAC)

   A julgar pelos acontecimentos dos últimos tempos, evidencia-se o desinteresse demonstrado pela Direção em dar vida e continuidade ao PG. A não admissão de novos sócios é prova cabal do que estamos dizendo, eis que, qualquer entidade social para manter sua sustentabilidade e receita, necessita prover o ingresso de uns ante a saída de outros. E pelo que se tem observado nos últimos anos, isso não mais acontece.

        Ademais, pelo que fomos informados na Secretaria do INTER, a transferência do título patrimonial só é viável mediante pagamento de R$ 3.000,00 de taxa de transferência, mais R$ 1.500,00 de reativação, passando, ainda, o novo titular a pagar 50% de ingresso nos jogos. A nosso ver, tais valores quase que inviabilizam a mudança da titularidade.

         Se não bastasse o que foi acima exposto, nota-se um distanciamento da Direção com seus associados. A rigor, as benfeitorias feitas têm sido voltadas exclusivamente aos interesses do Clube, ao alugar parte da área à exploração de terceiros, criação de campos de futebol e conversão de Centro de Treinamento. O Sócio Patrimonial tem ficado à margem de tudo que está acontecendo no Parque.

        Quanto ao lado do associado, existe a cobrança de altas taxas para cada convidado por ocasião do uso da churrasqueira, estacionamento em dias de jogos e a majoração da mensalidade, incompatível com a alta do custo de vida. Para se ter uma idéia, sem entrarmos no mérito de defasagem ou não do valor, nos dois últimos anos passou, respectivamente, de R$ 65,00 para R$ 80,00 e agora para R$ 105,00. Neste último, em caso de boa adimplência nas mensalidades, senão seria ainda maior. Para o último aumento foi dada como justificativa o ingresso nos jogos do Beira-Rio, cuja vantagem já existia antes da remodelação, sem qualquer valor adicional. O percentual total atingiu a mais de 60% de acréscimo, muitíssimo além da inflação oficial que não chegou a 12% no biênio. Isto sem falar na taxa que foi instituída pelo uso da piscina térmica, sabendo-se que desde a inauguração da mesma nada era cobrado.

        Na presente temporada de verão, para crianças não dependentes, a partir de 5 (cinco) anos, somente para uso temporário das piscinas, era exigida a importância de R$ 150,00 – por semana, correspondendo a R$ 600,00 – por mês, o que não deixa de se constituir em exorbitância.

        Diante de tudo o que foi visto, o que parece ficar caracterizada é a pretensa tentativa de esvaziamento ou cessação futura das atividades do Parque, ao menos na forma como vem funcionando há anos.

Do PG  a visão do Beira Rio ao fundo(imagem Arquivo BAC)
Do PG a visão do Beira Rio ao fundo(imagem Arquivo BAC)

    É possível que, no futuro, haja a oferta ao associado de uma espécie de compensação para sua desvinculação ou reaquisição de nova modalidade de título. Neste aspecto, o que deve ficar esclarecido é que o Título Patrimonial permaneceu com valores relativamente baixos, se forem atualizados com os índices inflacionários (IGP, IPC, INPC etc.), a partir da aquisição. Justifica-se o fato pelo atrativo valor original de venda, na formação do quadro social.

Contudo, não pode ser ignorada a valoração atual de mercado, levando-se em conta o que a estrutura oferece e a área nobre em que se situa, ainda mais agora, acrescida da remodelação do Gigante da Beira-Rio e contornos comerciais e de lazer que serão erguidos a sua volta. E, acima de tudo, o valor intrínseco que representa para cada proprietário, uma vez que já está incorporado ao seu patrimônio pessoal e afetivo.

Portanto, fiquemos atentos!

Saudações Coloradas

        Heleno Costi

6 thoughts on “O FUTURO DO PARQUE GIGANTE

  1. Junara,
    Também participei de alguns churrascos lá no PG. Lembro que, para conseguir uma churrasqueira, necessitava fazer o pedido à Secretaria com uma semana de antecedência, caso contrário dificilmente havia vaga. Nos dias de jogo, então, nem se fala.
    Atualmente e com freqüência, vejo o Parque quase sempre vazio.
    No verão, com a térmica fechada para reparos, acredite se quiser, cheguei numa manhã de pouco sol e estava eu lá sozinho com três piscinas à disposição. Depois chegaram mais dois associados. Parece que o esvaziamento que estão pretendendo, está chegando.
    Por isso, estou saudando o movimento “VAMOS SALVAR O PARQUE GIGANTE”, pois algo precisa ser feito, senão “a vaca vai pro brejo”.
    SC

  2. Rodrigo,
    Estava fora e por isso não respondi o teu comentário antes.
    Cheguei ao Blog de vocês “VAMOS SALVAR O PARQUE GIGANTE”, através do Marcelo, outro frequentador da piscina térmica e ferrenho defensor da sobrevivência do PG.
    É verdade, não coloquei fotos de entulhos e sujeira que lá se encontram, para não piorar mais as coisas, senão poderiam dizer: “Tá vendo! Do jeito que está tem que acabar mesmo”. É o que nós não queremos sob hipótese alguma.
    Ao mostrar as belas paisagens, ainda contempladas pela beleza do pôr do sol, penso ser uma força para que todos se conscientizem e não deixem tudo isso acabar.
    Abraço e Saudações Coloradas

  3. Melo,
    O teu caso apresentado, é mais um exemplo do que nada tem sido feito a favor do sócio, penalizando-o com aumentos e taxas sem abusivas. Ou melhor, levando a crer num futuro nada promissor para o Parque.
    Quanto ao estado de coisas a que se encontra o PG, procurei não pegar pesado, mas somente comentar que antes as áreas eram bem conservadas e hoje encontram-se com ares de abandono.
    SC

  4. Parabéns Heleno,fostes muito feliz na tua explanação .Lembro de quando os meus filhos eram pequenos e eu os levava para o Parque Gigante e passávamos o dia nas piscinas,era a festa pra eles,tinham amigos e eu encontrava as mães e conversávamos enquanto as crianças se divertiam. No Dia das Crianças,faziam uma festa nas dependências do parque durante todo dia,era ótimo. Mas parece que as direções atuais não se preocupam mais com os sócios,a não ser quando precisam da nossa cooperação monetária,como está acontecendo agora,para fazer a conclusão do entorno do BR. É lógico que eles não precisam disto,pois tem suas próprias piscinas em casa,mas nos esquecem. As vezes desconfio,que o Inter está deixando de ser o “clube do povo”,e se tornando o Clube das Elites.

  5. Belíssimo texto, Heleno!

    Sou sócio do Parque Gigante desde 1981, antes mesmo da inauguração, frequento o clube assiduamente ha mais de 3 décadas e nunca atrasei uma mensalidade.

    Nunca vi o Parque tão abandonado e sucateado. Em contraponto às lindas fotos que ilustram esta postagem, posso enviar fotos de entulhos na área do Parque, cercas destruídas, lixo pelo chão, grama alta, vasos sanitários entupidos etc.

    Por conta disso, em 2012 criei o grupo Vamos Salvar o Parque Gigante, no Facebook, que hoje já conta com mais de 300 integrantes, no qual os sócios – e os simpatizantes do Parque Gigante, podem encontrar todas as informações sobre a situação do PG e os procedimentos que estamos.

    Assim, agradecendo o apoio prestado pelo Arquibancada Colorada, convido todos a abraçar a nossa luta, que é, por certo, uma causa de todo o povo Colorado.

    Grande abraço!

    Rodrigo Navarro Lins de Aguiar
    Sócio Patrimonial Fundador do Parque Gigante
    matrícula nº 05295.00

  6. Alô você Heleno!
    Mais um brilhante post. De muito fundamento e de utilidade para todos nós colorados, sócios ou não do PG.
    Aproveito para somando a tudo o que colocastes dar uma visão dos números “impostos”.
    Eu pagava R$80,00 com um dependente ambos (eu e dependente) com entrada livre. Um ato administrativo retirou essa concessão. A mensalidade teve um “pequeno reajuste” para R$ 105,00 some -se a isso mais uma “pequena” mudança. Agora há uma imposição de pagamento de R$ 35,00 por dependente de sócio totalizando R$ 140,00. Isso dá algo próximo dos 80%. É mais um ângulo pra se perceber como são sensíveis com as questões dos sócios, e sem dúvida alguma a intenção é esvaziar o quadro. É hora de mudanças precisamos de quem efetivamente apoie o sócio. E depois de tudo isso vemos o PG no estado em que está. Faltou apreciação sobre a piscina térmica (sempre suja e precisando reparos)
    Falta de consideração entre outras coisas. Vou responder na urna esse ano. Isso não é manifestação política (detesto isso) é social.
    Coloradamente,
    Melo

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