Comando técnico ou treinador

Terminada a Copa do Mundo 2018, realizada na Rússia, fiquei com mais uma convicção e uma certeza de algumas crenças que tenho. Uma grande seleção ou um grande clube não precisa ter um “grande” ou renomado treinador, mas sim comandantes técnicos que tenham um bom conhecimento de futebol, um pouco de humildade para estudar o comportamento de outras equipes, reconheçam seus equívocos (não sejam teimosos e ouçam opiniões construtivas) e que se mantenham atualizados constantemente.

Nessa Copa percebemos algumas inovações, introduzidas por alguns comandantes técnicos no comportamento de seus jogadores em campo e que merecem serem melhores estudadas. Posso citar alguns, a eliminação dos “chutões”, os três zagueiros, o “trenzinho” nos escanteios (inicialmente ironizado), o fortalecimento da dedicação do grupo, o craque pensador valorizado em sua qualidade e livre para organizar as jogadas, o melhor aproveitamento da velocidade e, praticamente, a “morte” do centroavante “matador”. Fora o lado bom outros detalhes a pensar, a aceitação da falta técnica para “matar” os contra-ataques e que ao meu modo de ver deveriam ser punidas com cartão amarelo sempre e o fracasso dos “grandes iluminados” que em seus clubes fazem atuações extraordinárias (potencializadas pela mídia), mas nas seleções de seus países, não se destacam e na sua grande maioria, nessa Copa, foram uma decepção.

Insisto sempre em tratar como comandante técnico e não como treinador, apesar de entender que o curso de formação e os estágios são imprescindíveis, entretanto somado a isso, hoje é necessário além do bom conhecimento técnico de futebol, humildade para aprender e crescer, ter como hábito a prática das boas regras de educação nas relações interpessoais e também alguma noção de psicologia de grupo. Acredito que o verdadeiro comandante técnico deve ter acompanhando os jogos com um bloco para anotações e ter analisado ou estar analisando quais inovações podem ser aproveitadas com os jogadores dos clubes que dirigem. Logo poderemos constatar se isso foi bem aproveitado, agora quando as competições nacionais voltarem (recomeçam hoje com a Copa do Brasil, infelizmente já sem a participação de nosso Internacional) e ver se alguém já introduziu algo diferente e melhor em sua equipe ou não entendeu o que viu ou não tem condições de efetuar modificações devido as limitações de plantel ou qualidades específicas de seus comandados.

Acompanhando os noticiários nacionais de expressão, sobre o futebol brasileiro e a volta às competições, é triste ver que ninguém cita o Internacional e suas contratações, ignorando a grandeza e histórico do clube. É uma pena, mas uma realidade criada pelo próprio Internacional, ficando de fora ou não dando a importância devida às competições em que teve a oportunidade de participar. Hoje, infelizmente, não somos um clube respeitado e de expressão nacional, apenas somos mais um de outros tantos. Enquanto isso, os mesmos de sempre, são potencializados por parte da mídia, como se os demais clubes brasileiros não existissem ou não merecem referência alguma.

A expectativa da torcida Colorada é muito grande em relação ao sempre complicado jogo com o Atlético Paranaense, principalmente quando na Arena da Baixada, apesar de ser apenas o recomeço dos jogos do Campeonato Brasileiro. Nossa torcida é que o time volte com a mesma dedicação de antes da Copa, mas agora mais organizado, melhor distribuído e estruturado em campo, com todos os melhores jogadores escalados (inclusive na reserva) e volte a ser vitorioso e campeão.

8 thoughts on “Comando técnico ou treinador

  1. Futebol coletivo, chutes á média distância, coisa que no futebol brasileiro não se vê. Muitos ensinamentos os treinadores e nós pobres mortais tivemos nesta copa. Mas vindo pro nosso mundo real, leio e vejo que nosso amado salve treinador vai de tres volantes pra jogar com o poderosissimo atletico paranaense. Mas pra que?? Zeca tava bem na lateral, colocar fabiano que na minha opinião nem pra várzea serve. Será que o internacional é tão fraco de elenco assim que não tenha ninguém pra substituir o Patrick???

    1. Vanderlei, tem certos profissionais que possuem convicções e por “morrem abraçados” nelas, sem nunca admitir que possam aceitar algumas mudanças. Não sei se é o caso em nosso clube, pois conheço muito pouco ou quase nada do dia a dia. No meu caso, sempre bato na mesma tecla, o nosso Internacional precisa traçar um objetivo e definir a melhor maneira de atingir o objetivo planejado. Na minha opinião, todo o grupo que participa do projeto deve ser qualificado e “fechado” com a se1quência de ações planejadas. Não consigo enxergar muita coerência entre o que escuto e o que vejo, pode ser fruto do meu desconhecimento da “batalha” interna. Quanto aos atletas citados, fica somente uma pergunta, para que função foram contratados? Improvisações, com tantos contratados desde o começo desse ano, nesse momento, me parece um disparate.

  2. Olá Paupério

    A passagem fulminante do Zidane treinando o Real Madrid, conquistando três Champions League, além de vários outros títulos importantes nos três anos em que ele ficou treinando os merengues corrobora o que você afirma em seu primeiro parágrafo, sobre a não obrigatoriedade de que para treinar um grande clube ou uma grande seleção exija a necessidade da contratação de um “grande” e renomado treinador.

    Claro que o RM é um super clube, com um poderio financeiro monstruoso, dessa maneira forma uma verdadeira seleção multinacional, mas há muito tempo é assim. E Zidane conseguiu não só um bi-campeonato em sequência inédito em Champions, como também um tri.

    Sobre o treinador ou um comandante técnico, sim é muito importante que ele tenha primeiramente gosto pela atividade que exerce, profundos conhecimentos sobre o jogo, tanto prático quanto teórico (a necessidade de preparação com bons cursos), que seja um bom gestor de grupo/recursos humanos (mas que nem tudo caia nas costas dele), manter-se atualizado em relação a métodos de trabalho/treinamentos, etc.

    Por outro lado, o próprio mercado se torna mais exigente e vai selecionando os melhores profissionais. Basta ver o enorme número de treinadores que trabalhavam há alguns anos atrás e que estão sem trabalhar pela falta de quem os procure.

    Sobre novidades na copa, uma coisa me chamou a atenção no jogo Brasil x Costa Rica. Quando dava um escanteio a favor do Brasil, o meia costarriquenho Bryan Ruiz (contratado pelo Santos), ficava próximo ao círculo do meio de campo, prendendo desta forma dois jogadores brasileiros. Até estranhei isso, porque no Brasil virou regra, escanteio contra, se pudesse até o presidente do clube estaria dentro da área para ajudar a defender. Continuei a observar em jogos seguintes.

    Jogo contra os gigantes da Sérvia. Escanteio contra nós. Voltavam todos. Inclusive Neymar e Gabriel Jesus. Detalhe: Altura de ambos 1,75m. Pensei o seguinte: E se Neymar com toda sua técnica e velocidade ficasse próximo ao grande círculo, já tiraria no mínimo dois sérvios de dentro ou próximos a nossa área. Além da chance real de um contra-ataque bem sucedido.

    Jogo contra a Bélgica. primeiro gol belga, Kompany corre no primeiro pau para dar uma casquinha, ninguém acompanha, Gabriel Jesus com seu 1,75 m não alcança a bola, tira a visão de Fernandinho que nada pode fazer, só lamentar que a bola tocou no seu braço e matou o Alisson.

    Segundo gol belga, muitas lições a se tirar. Escanteio a favor do Brasil pelo lado esquerdo. Seis belgas incluindo o goleiro estão dentro da área. Thiago Silva, Miranda, Paulinho e Gabriel Jesus também estão lá.
    Os belgas marcam a jogada perto do escanteio, praticamente forçando Neymar a mandar a bola para a área. Fellaini, com seu 1,98m tira de cabeça como quer e serve Lukaku na intermediária brasileira. Fernandinho vacila e não faz a falta que mataria o contra-ataque belga. O lateral e o meia belga correram para o mesmo lado, confundindo Marcelo, restou ao DeBruyne bater indefensável no gol de Alisson.

    Resumindo um pouquinho, mesmo em um momento crítico, sempre tem que haver uma válvula de escape.

    Abraço!

    1. Celio, muito próprias as tuas observações e espero que tenham sido aproveitadas na terrinha amada. Se você observar minhas postagens e meus comentários anteriores perceberá que bato muito nessa tecla, pois a melhor característica dos atacantes é a explosão e não correr grandes distâncias o que acontece em nosso Internacional.

  3. Alô Paupério, muita saúde irmão. Esta Copa nos deixou um aprendizado sobre o futebol moderno. Concordo com o teu comentário. Vou mais além, nos mostrou que a tal de bola parada , está muito valorizada, foram inúmeros gols feitos desta forma. A velocidade e a passagem da defesa para o ataque, para mim foram os detalhes técnicos mais importantes e marcantes. Portanto, há uma necessidade de ter jogadores que joguem abertos pelos lados com velocidade e técnica, se é que se pode exigir de um jogador , estas duas qualidades. Em todas as seleções o 10, é o cara que pensa e organiza, por isso nós colorados , estamos num dilema com o nosso 10. Ainda é a referência , mas confronta aquilo que nós concordamos, que o 10 , além de ser o organizador, tem que ter velocidade nesta passagem armação e ataque. Tomara que a retomada continue como terminamos antes da Copa, apesar de ser contra uma histórica touca. Abraço.
    Leandro Godoy

    1. Godoy, realmente para quem gosta de futebol, essa Copa foi rica em aprendizados, sinceramente discordo plenamente da aceitação da falta técnica, para matar os contra-ataques, pois deixa o futebol mais feio, prejudica o jogador mais qualificado e a equipe mais organizada e deveria ser punida, no mínimo, com cartão amarelo. Nosso grande organizador, apesar de ser como o vinho, quanto mais velho melhor, a cada ano tem seu desempenho muito prejudicado pelas constantes faltas e pelo peso dos anos, mas ainda é imprescindível.

  4. Alô você Pauperio!
    Boa reflexão. A copa e seus efeitos sempre produzem um movimento seja de avanço ou até mesmo de uma volta para algo que já deu certo. Vou me ater aos dois últimos parágrafos os quais dizem respeito diretamente ao nosso INTER. No fundo no fundo, tomando por base os últimos anos, estou achando até bom que a mídia não se refira ao INTER como possível ou mesmo provável protagonista. Em anos anteriores fomos referencia na maioria deles e não atingimos o objetivo pretendido por nós torcedores, quem sabe agora sem o peso do protagonismo possamos atingir o que esperamos.
    Coloradamente,
    Melo

    1. Melo, o que lamento é que não há referências sobre o nosso Internacional, simples notícias e isso me entristece. É bom que não seja mais considerado (e isso já faz anos) o protagonista e o time campeão no papel, mas esse ostracismo não é de graça. Estou na expectativa de que esse período de “parada e preparação de clube rico”, em Atibaia, tenha servido para melhorar o desempenho da equipe e que consiga nos trazer a confiança, já muito abalada. As notícias sobre o nosso Internacional sempre são encaradas por mim com certa desconfiança, pois na minha leiga análise, nada mudou e nada muda em tão pouco tempo. As pessoas trazem conceitos e certezas conforme suas experiências e dificilmente aceitam mudanças que conflitam com suas convicções.

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