As vezes eu escuto o silencio… em 2006 eu escutei, no primeiro gol do Sobis, eu achei que tinha imaginado, devaneio ou loucura minha escutar o silêncio, mas no segundo gol eu vi que não era devaneio, nem loucura, ou na verdade um misto de tudo. Mas eu ouvi o silêncio, por um milésimo de segundo, eu escutei o silêncio do Morumbi, do Riogrande, do Brasil e da parte Colorada do mundo, para logo após explodir em alegria, choro e abraços. Há um irmão Colorado, conhecido ou não mais próximo ou ao lado, contido há quase 100 anos, um grito tão sufocado quanto o amor por este clube.
Depois aos 41 min do segundo eu escutei novamente o silêncio em pleno Beira-Rio, ali ele reinou impiedoso, me sufocando mais uma vez o grito quase centenário, mais uma vez abraçado a um irmão Colorado, agora repartindo a aflição e a angustia, essa escuta durou muito mais que um século, tamanha a tortura. E novamente o silêncio foi rompido por choros, gritos, pulos, soluços, eu sem perceber era tudo isso. Em dezembro mesmo aqui no Brasil, eu escutei o silêncio do outro lado do mundo, tão longe e tão perto, mais uma vez por milésimos de segundos, entre o drible do eterno Iarley ao chute do redimido e eterno Gabiru, ele me torturou impiedosamente e mais uma vez eu estava lá abraçado a um mar vermelho de guerreiros Colorados, representado por meu filho. Foi talvez o abraço mais longo e duradouro, daqueles em que se teima em nunca deixar terminar.
Agora teimosamente o silêncio volta a rondar, dia 28 passado ele deu o ar da graça, fica a me espreitar querendo mais uma vez sufocar, mas estou aprendendo a conviver com ele, em silêncio vamos ao Morumbi. Em silêncio… mas não menos confiantes faremos dessa guerra nossa última trincheira, deixaremos nosso sangue,nossa alma se for preciso, mas traremos a honra e a glória, em silêncio seremos milhares, olhares mudos que dizem tudo sem falarem nada, vamos em silêncio, em silêncio deixaremos o Morumbi. E em dezembro, mais uma vez deixaremos em silêncio o mundo, a nossos pés, em silêncio. O silênco é o pré-anúncio capaz de paralizar o ser humano por completo, quem não ficou paralizado no exato momento do drible do Sobis no Fabão??? Se ouvia o mundo naquele milésimo de segundo, mas também não se ouvia mais nada, quem não paralizou diante do silêncio do segundo gol do São Paulo no Beira-Rio? Quem não paralisou no silêncio do momento exato do passe do eterno Iarley pro eterno Gabiru? Na falta cobrada pelo Ronaldinho Gaúcho, quem não paralizou no silêncio que se fez entre o Brasil e o Japão? Podia-se ouvir o barulho de milhares de olhares Colorados ou não,em silencio tirando a bola que teimava em ir em direção ao gol do eterno Clemer??? Quem não paralizou no exato momento que o juiz deu o derradeiro apito naquela manhã de 17 de dezembro e teve que ser trazido ao mundo pelo abraço eterno de irmão Colorado, sendo ele conhecido ou não, mas sendo naquele exato momento o irmão Colorado mais amigo do mundo???
Eu paralizo até hoje, no silêncio da memória que trago comigo, das lembranças de cada gol feito ou perdido, do silêncio do choro, do silêncio do olhar. Perceba o silêncio, perceba o teu silêncio e mais importante perceba o silêncio no teu irmão. Às vezes muito, mais que todas as palavras, ele, o silêncio, te diz tudo.
Dauni Ricardo de Lima – Chapecó/SANTA CATARINA
Ser colorado é chegar ao topo do mundo como poucos, sem precisar ir ao fundo do poço como alguns!
Que lindo! Maravilhoso!
Agora realmente somos um time INTERNACIONAL, faltava esta segunda final de libertadores.
Quem diria CELSO ROTH é o cara, devemos esta retomada em muito a ele.
Cara, o teu texto é emocionante, mas a tua frase é fantastica, Ser colorado é chegar ao topo do mundo como poucos, sem precisar ir ao fundo do poço como alguns!
ahahaha, muito bom!
HURRA!!! Estamos nas finais Libertadores e Mundial (pra Corinthiano ver) e tem que ver esse caso da Recopa de 2011 se não temos direito também !!!
Lindo e emocionante texto! Não sei exatamente o porquê o inter mexe tanto com nossas emoções, o que sei é ele nos torna uma família: “Inter, estaremos contigo”; “Eu nunca me esquecerei os dias que passei contigo, inter”. Inesquecível 2006! E a profecia desse ano está se concretizando, hehe. Nosso grito de bicampeão da américa está contido. Faltam 270min! Vamo, vamo inter!
Sabe…até hoje eu vejo os taipes do jogo de São Paulo em 2006 e penso que o Sóbis vai escorregar mais e não chutar aquela bola….ou que a outra bola não vai na trave e sobra pro Sóbis….que o Clemer vai furar em qualquer momento. São tantas emoções….21:50 hrs não chega….QUE ANGÚSTIAAAAAA!!!!