O Beira-Rio na minha história

Pensando bem, cada vez que tenho que falar algo sobre meu pai ou meu avô paterno, meu irmão, ou até meu sobrinho, eu acabo falando no Beira Rio. O Gigante está na minha vida assim como o telefone mais antigo da minha avó, aquele que tinha o número 231467. Este número foi um dos primeiros em Porto ALegre e tão fácil de decorar, que não me saiu da memória até hoje, mesmo que em Porto Alegre os prefixos já sejam formados por 4 numerais e o telefone fixo tenha caido em quase desuso. Tudo por conta dos celulares cada vez menores e multifuncionais. Mas o 231467 é como o GIGANTE… Ele é acolhedor, ele é meu, ele me faz bem, ele me recupera dos tombos ele me enche de esperança. Minha vó não está mais do outro lado da linha, mas o Beira-Rio está alí, ao alcance do meu coração, em qualquer momento, em qualquer dia…

Percebo o quanto o Beira-Rio está mim, cada vez que me encho de emoção.É como um momento familiar mais afetivo.

Neste último domingo experimentei mais de uma vez todos estes sentimentos. Cheguei ao Beira-Rio no meio da manhã e junto com as meninas da FFC (Força Feminina Colorada), improvisamos uma chuirrasqueira e uns bancos de pedra. Derrepende me dei por conta da situação simplória, mas tão recompensadora que estavamos protagonizando. Uma de nós, a Vera, assadora de colocar qualquer marmanjo no bolso, começou a preparar a carne num tonel improvisado. Lá pelas tantas a inesperiência nos apontou a falta de carvão, nada que não pudesse ser resolvido pela MALU que adora um supermercado. A Lika com mania de organização, levou paninhos para limpar não sei o que, já que estávamos praticamente comendo no meio das árvores e junto ao acumulo de material de construção da reforma do Gigante.

Teve gente caindo da cadeira (né Julia), teve gente improvisando arquibancada, e as contas da Bruna que não sossegou enquanto não deu uma fugida pra colocar nossas faixas no estádio. A Rejane nos convenceu de que o importante é namorar, e pode ser até com o marido e por aí seguiu nosso almoço que foi um sucesso. Foi assim a nossa despedida neste ano que nos trouxe a alegria de mais uma Libertadores e que fechará com certeza com um mundial.

Em alguns momentos, entre gargalhadas e afirmações quentes, a gente se dava por conta que outros Colorados que tiveram a mesma idéia, marcavam encontro para o primeiro jogo do ano, que deverá ser do Gaúchão, nos olhando meios surpresos. “Pois é, agora além de gritando nas arquibancadas elas vem aqui aqui, despidas de todas as frescuras femininas, mas nem tão menos lindas, para dividir espaço entre uma cervejinha (no meu caso só coca-cola ) um pão assado e uma carne no ponto“.

Foi um momento alegre, emocionante pelo fato de que alguns anos atrás isso era impensável, muito real porque sabemos que outros encontros assim acontecerão, e muito, mas muito feliz porque somos todas COLORADAS. Fizemos fotos (que não podiam faltar, é claro) que comprovam que deixamos nossa marca nestas obras.

Fiquei tocada pela simplicidade com que fizemos este “churrasco”, um misto de terapia, reunião entre amigas, concentração de futebol…. Estou ainda pensando que formamos uma família, que o INTER é nosso líder e que o Beira-Rio é a nossa casa.

Me sinto bem por alí, com todas estas pessoas, que as vezes a gente nem sabe o nome, mas que fica sempre sentada na terceira fila da arquibancada, na minha direita, cruzando os dedos (discretamente) durante o ataque do adversário… Estavam lá domingo, espalhados pelo pátio do Beira-Rio, como quem fica no jardim dos fundos de casa. Sai de lá, neste domingo com saudades. As férias nos fazem descansar e nos estressam com a fala do Gigante.

Vou viajar no próximo dia 10 rumo a ABU DHABI, e espero todos na minha saída. Vamos nos encontrar antes disso ainda no dia 8 para dar aquela força aos nossos jogadores. E quando voltarmos, vou correr ao Gigante para comemorar e lembrar de tudo isso que mexe comigo!

Adriana Paranhos – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
INTER, minha paixão verdadeira!