Ela já é o Pelé do futebol feminino. Ninguem mais tem dúvida desta força. Entender o que isso representa, num país onde o machismo ainda prevalece na maioria das instituições e domina o pensamento conservador, é que é importante.
Marta é mais uma vez a melhor do mundo. Espaço que conquistou e parece não mais querer ceder a quem quer que seja. Nosso futebol é o melhor do mundo. Seja porque nossa seleção é penta campeão, ou porque o INTER em quatro anos foi campeão mundial e o terceiro melhor do mundo, ou porque a Marta empilha conquistas como estas.
Maravilhoso poder escrever isso. Melhor seria se tudo se refletisse nos estádios que frequentamos, no dia a dia deste “business” chamado futebol, no comportamento da torcida, nos produtos de marketing disponíveis para as mulheres torcedoras…
Estamos longe de termos igualdade de condições neste esporte. Alguns grandes clubes se quer possuem estrutura para o futebol feminino. Caso do INTERNACIONAL. Outros até disputam compeptições com o time feminino, e investem parte de sua receita na categoria, mas encontram apenas um semestre para isso. Não existe um calendário desenvolvido para o futebol feminino que justifique as equipes permanentes nos clubes. É preciso ter categoria de base, infra estrutura como nutricionista, preparador físico, técnico de goleiras, planejamento de logística, vestiários adequados, uniformes pensados somente para elas, e um mundo de outros detalhes, que sim, são dispendiosos, mas sim, terão retorno imediato.
Temos que, como nos Estados Unidos, colocar público de 30 mil em jogos femininos. Temos, que a exemplo do Flamengo, abrir oportunidades para as mulheres na administração do Clube, no departamento de futebol. Elas, nós, ainda nos preocupamos sim com atividades sociais, mas também entendemos de técnica, tática, administração, negocios internacionais. E , de acordo com algumas revistas especializadas femininas, ao contrário dos homens, fizemos tudo isso junto, e ainda vamos para casa felizes em poder fazer um jantarzinho pro companheiro.
Guardado os exageros, que ultrapassam a medida de justiça de uma boa qualidade de vida, a força de trabalho das mulheres nada perde para os homens e sabemos disso toda vez que assistimos a um drible sensacional da Marta. Que apreciamos momentos de genialidade ao fazer o gol, ao dar um passe para a colega descoberta sozinha em frente a “arqueira adversária”. E no dia seguinte, Marta está linda em frente as câmeras dando entrevista, ou recebendo prêmios FIFA, ou saindo para jantar com o amado.
É preciso repensar o futebol feminino, a participação das mulheres nos Clubes de futebol brasileiros, no esporte como um todo. É preciso entender que as máximas do futebol (técnica, tática, físico) são como a arte de se maquiar sem se olhar no espelho, o controle perfeito do planejamento e a organização da casa, mesmo estando trabalhando fora, o folego para cuidar de filhos, maridos, profissão, e ainda por cima competir com a sogra.
Tudo é possível, basta querer.
Adriana Paranhos – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
INTER, minha paixão verdadeira!
Prezada Adriana,
Apesar do teu belo texto ter sido escrito há mais de um ano atrás, nada mudou infelizmente em relação ao futebol feminino no Brasil, não é?
Se eu não estiver enganado o Ricardo Teixeira (quando ainda era presidente-vitalício da CBF) disse após a conquista da medalha de prata do futebol feminino lá nos Jogos Olímpicos de Sidney em 2004 que iria criar um campeonato nacional de futebol feminino para incentivar a prática do esporte pela mulherada… Já se passaram quase uma década e praticamente quase nada foi posto em prática…
Sinceramente, é incrível como esses dirigentes esportivos (e também políticos evidentemente) não conseguem (ou não querem) enxergar que quaisquer resultados desejados (sejam número de medalhas e/ou atletas competitivos, assim como a disseminação do esporte pelo povo) requerem no mínimo uma geração para começar a dar um retorno constante…
Um grande abraço,
Wilson
Marta é um grande exemplo que o Brasil dá certo no futebol, seja no masculino ou no feminino, desde que se acredite em nosso potencial. Realmente o futebol feminino fica muito aquém do masculino, mas a mulher pode tudo desde que deem a ela uma oportunidade.
Entrar nesse meio esportivo, seja jogando ou na gestão é complicado, são anos e anos de domínio masculino. A Patriacia Amorim quebrou barreira, espero que a história comece a mudar agora e não se seja uma reedição do caso de uma “nova Marlene Matheus”!
Alô você!
Como afirmastes, ela é o Pelé feminino. Além de suas qualidades e, transpondo os obstáculos por ti descritos, ela age extamente como o nosso Rei. Sabe que é a melhor mas não tem soberba.
Atende a todos, sempre com inigualável cortesia e fidalguia. Assim são os grandes. Vida longa a nossa Rainha.
SC
Melo