O ignorante é mais perigoso para si mesmo do que seu pior inimigo

A liberdade de expressão é uma garantia constitucional inalienável, um dos pilares da democracia e do estado de direito. Trata-se um avanço filosófico e moral da humanidade que as sociedades modernas, sobretuto, as ocidentais não querem abrir mão. Entretanto, para existir, a liberdade de expressão deve levar em conta o contexto? A resposta a meu sentir é “não”.

Em nenhum momento da campanha do nosso Inter, a conciliação com o radicalismo melhorou a situação. Fosse assim, quanto mais gentileza, quanto mais fecharmos os olhos para o que ocorria nos bastidores e vestiários do Beira Rio, menos malefícios. O time dá sinais de pane desde Falcão e acabamos escolhendo as vítimas erradas de nosso insucesso. Quando mais se concede o conforto, mais a indolência ganha terreno. No entanto, a liberdade de expressão da imprensa requer responsabilidade e, certamente, maturidade. Apontar a febre sem detectar o sintoma  jamais foi a melhor opção. E com isso não estou dizendo que foi o culpa de Davi, Jô, Dorival ou do Juarez Quintanilha…

Cristãos e judeus tem pouco interesse e muito desprezo por imagens que ridicularizam o Papa ou anedotas com o rabinato. Se você nunca ouviu anedota cujo o enredo tem o judeu como sovina, não habita esse mundo ou tem menos de 10 anos de idade.  A mesma coisa é a relação do Inter com o campeonato nacional. Não o ganhamos desde 1979 e viramos uma piada mal acabada como aquela do português da padaria, o argentino que se deu mal ou os rebaixamentos duplos de Grêmio e (agora, possivelmente) Palmeiras. 

As manifestações são enfadonhas, primárias: poucos dão bola para a verdade que acontece nos bastidores do clube. É  o D’Alessandro, o Fernandão, o Davi ou qualquer dupla de zagueiros. Eles tem sua parcela de culpa sim. Uns mais do que os outros. Mas não é esse o problema maior..  Em artigo no jornal Le Monde,  aconselharam os muçulmanos a ignorar as caricaturas de Maomé e abandonar um sentimento fora do lugar, o da vitimização. “O ignorante é mais perigoso para si mesmo do que seu pior inimigo”, escreve o jornal.

Evidentemente, os colorados mais ortodoxos estão sempre prontos para briga e discussão estéril. Surgiu uma questão, enxergam em azul e o problema está no time, é a falta de experiência. Falta de experiência ??? De quem VIVE o futebol? De um elenco recheado de cobras criadas???  Qualquer pretexto serve, para se apontar que tudo está errado. Está errado sim: mas não tudo!  É aí, que está o cerne da questão, a causa principal da pendenga boboca. Ou seja, os responsáveis por essa campanha ridícula no nacional  não são os autores da caricatura ridícula que ficou o time. São partes da consequência.  O Grêmio chegou onde está porque se indignou com nossa vitórias. Mas mesmo assim estava começando o ano torto com o erro de contratar  Caio Júnior. Depois soube retificar se erro. O Inter não: nós o justificamos. Melhor seria ver as disputas resolvidas com guerra entre colunistas. Haveria menos vítimas fatais, menos sofrimento para a torcida, e mais diversão.

Beijocas…

Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
Inter: no campeonato das paixões és líder invicto e isolado!