PRENÚNCIO NOS MOMENTOS QUE ANTECEDERAM A GRANDE FINAL

Hoje 17 de dezembro de 2012 é um dia sagrado para os colorados. Nele comemoramos o 6º aniversário da conquista do MUNDIAL FIFA.

Não poderia deixar passá-lo em branco e por sugestão de amigo, transcrevo meu texto que fez parte do livro A CONQUISTA DE UM SONHO, no qual 116 colorados que estiveram no Japão e assistiram a inesquecível conquista, relatam histórias vivenciadas por cada um. Nas fls. 99 e 100 está o meu relato.

O título é o mesmo contido acima, cujo teor está transcrito a seguir:

Já estávamos na tarde de domingo do dia 17 de dezembro de 2006 e, de ônibus, nos dirigíamos para Yokohama, a fim de assistirmos a grande final, sonho colorado que vinha há meses.

Encontrava-me temeroso e nervoso. Afinal, enfrentar a poderosa equipe, para não dizer seleção do Barcelona, não era para qualquer um, e vencê-la seria uma epopéia, pois era tida como a melhor a se apresentar no Japão nas últimas décadas.

A imprensa mundial e a grande maioria dos torcedores que lá se encontravam consideravam jogo jogado, menos nós colorados que fomos ao Japão levando a esperança da vitória. A festa, por assim dizer, já estava preparada para entrega do troféu a eles, ainda mais após o deslumbrante jogo que fizeram frente ao América do México e a nossa sofrida vitória sobre o Al Ahly.

Até recebi e-mails antecipados de torcedores adversários, recomendando que aproveitasse e fizesse bastante turismo porque no jogo do domingo o time espanhol nos daria um passeio.

A bênção do Reverendo de Erechim, momentos antes da saída do Keio Plaza Hotel, em direção ao estádio, confortara bastante, mas não o suficiente para apagar a ansiedade e aflição ante o jogo que se aproximava. O Reverendo, em suas preces, enfatizava mais ou menos o seguinte: “aconteça o que acontecer, já fomos abençoados por estarmos presentes e assistirmos o nosso colorado na final do Mundial de Clubes”.

No ônibus o fantástico grupo….cantava: “Colorado, Colorado, nada vai nos separar….” ou vamo, vamo Inter…”, e, mesmo assim, a apreensão do jogo era grande.

Encontrava-me nos bancos dianteiros e, próximo a mim, estava o Marcelo que dizia com toda a certeza que o Inter ganharia o jogo por 1 x 0. Tal convicção impressionava e era um alento, mas o temor persistia. Junto a meus pensamentos a torturante indagação: como é que iríamos vencer o poderoso Barcelona?

Enquanto isso, o Mário, carinhosamente chamado de Nego Mário pelos confrades, com uma bandeira colorada pedia a cada um que registrasse uma mensagem e a autografasse. Seria destinada ao seu filho.

Quando chegou minha vez, diante da beleza do gesto, perguntei ao Nego Mário o que seu filho fazia e onde se encontrava no momento. Em resposta disse: – Meu filho já faleceu há alguns anos e vou levar esta bandeira na sua sepultura. O Nego Mário, movido pela emoção, não conseguiu mais falar.

Senti um nó tão grande a apertar minha garganta e, num rápido gesto, girei a cabeça para a janela, secando as lágrimas que começavam a escorrer. Neste meio tempo, uma voz e força interior me anunciou: “vamos ser Campeões Mundiais”.

Coloquei minha assinatura na bandeira, dedicando a vitória ao espírito do jovem que, certamente, estaria presente logo mais na batalha final. Este fato tão marcante nunca mais abandonou minha lembrança. E mesmo durante o jogo, em dados momentos, se fazia presente. Naquela altura, já estava mais tranqüilo e esperançoso a escutar a voz interior que repetia: “vamos ser campeões mundiais”.

Entrementes, o tempo transcorria e para concretizar o título seria necessário o gol. Estava difícil, já passavam dos 30 minutos do segundo tempo, o adversário era quem mais atacava e nós quase não chegávamos à área contrária. A lesão e decorrente saída do Fernandão aumentaram a angústia. Mas, alguns momentos após, num lance mágico, o gol consagrador. O sonho acontecera. A vibração era demais.

No último minuto, porém, a falta que seria cobrada pelo Ronaldinho gerou um temor terrível. O coração disparava e, para fugir do lance, virei de costas para o campo com olhar voltado para a nossa torcida. A conseqüente vibração da mesma deu-me certeza de que o título estava na mão.  Olhei para o telão e vislumbrei a repetição do lance, quando vi a bola dirigindo-se para o cantinho esquerdo da goleira, com o Clemer praticamente vencido e, numa fração de segundos, por capricho do destino, ou, quem sabe, por força divina, desviou o seu curso, indo para fora.

Vibração plena, de êxtase total, porque éramos finalmente “Campeões do Mundo FIFA”. Em lampejos de memória lembrava a cena do ônibus.

Hoje, passados alguns meses da conquista, os memoráveis fatos vividos no Japão estão sempre presentes, em especial aquele episódio da bandeira no ônibus. Nunca comentei o fato com o Nego Mário e demais integrantes do grupo. Guardei-o para mim, mas sentia a necessidade de compartilhá-lo.

Presentemente,  com a edição de crônicas sobre os momentos vivenciados por torcedores durante a conquista do Mundial FIFA pelo nosso INTER, senti que a grande oportunidade de revelar o acontecido havia chegado.

Saudações Coloradas

12 thoughts on “PRENÚNCIO NOS MOMENTOS QUE ANTECEDERAM A GRANDE FINAL

  1. Simone,
    Foram momentos de êxtase como foi dito no texto.
    Quem sabe no corrente ano plantemos a semente para 2014 e possamos repetir o inesquecível feito.
    Grande abraço e um 2013 com muita alegria e presentes, traduzidos em títulos.
    SC

  2. Saldanha,
    Isto não comentei, mas foram dois dias de viagem e três sem dormir. Caminhava pelas excursões de Tóquio como que anestesiado. Na volta o mesmo. Mas valeu a pena. Sem dúvida foi a melhor viagem de minha vida.Tudo pelo INTER
    SC

  3. Grande Heleno! Foi quase uma semana com o sono todo atrapalhado, lembro muito bem! Mas valeu apena, a conquista do Mundial jamais sairá de nossas mentes, até a eternidade! Saudações Coloradas!

  4. Marcelo,
    Aquele glorioso 17/12/2006 sempre será lembrado pelos colorados. E quem sabe em 2013 iniciemos novo ciclo para retornar ao topo do Mundo em 2014.

  5. Grande Miguel,
    Nunca esqueço daquela grande decisão da Sul-Americana em que estávamos irmanados pelo nosso INTER. Obrigado, um Feliz Natal e um 2013 repleto de títulos.

  6. Heleno!!!!
    É com grande felicidade que lembro daquele dia 17/12/2006, e de minha confiança como se fosse ontem. E que consigamos neste novo ano trilhar novamente o caminho das vitórias. Obrigado por este texto maravilhoso.

    FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO PARA VOCÊ SUA FAMÍLIA E TODA NAÇÃO COLORADA

  7. Caro Heleno,
    Texto emociante e muito bem escrito, meus parabéns.
    Crônica linda como a história do nosso INTER.
    COLORADOS somos todos irmãos.
    Grande abraço , feliz Natal e ótimo 2013 para nós e para nosso INTER.

  8. Paupério,

    Em minha lembrança com freqüência vejo bandeiras coloradas com múltiplas assinaturas, notadamente aquela descrita no texto, em que pude compartilhar, e a que Fernando Carvalho manteve-se enrolado após a conquista do Mundial (esteve exposta durante um tempo em sua sala) contendo a assinatura de centenas de torcedores colorados.
    Realmente, por estas e outras é que nos mantém fervorosamente ligados ao nosso INTER.
    Eu é que agradeço tuas belas palavras
    Saudações Coloradas

  9. Heleno, é por essas e outras que muitas vezes olhando para o céu, querendo enxergar o infinito, percebo uma bandeira COLORADA tremulando, altiva, com inúmeras assinaturas e sendo carregada com o maior amor do mundo. É exatamente esse sentimento único entre torcedores de um clube que nos une, pois só um COLORADO tem essa sensibilidade de repartir alegrias e sentimentos puros. Parabéns pelo teu comentário. Emocionante. Obrigado por compartilhar conosco.

  10. Melo,
    Foram momentos realmente emocionantes. Quando os estava transcrevendo tive que parar algumas vezes por conta da emoção.
    Quem sabe ainda possamos vivenciar nova conquista nos próximos anos.
    Saudações Coloradas

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