Soube que o Atlético PR estreou sua equipe principal somente em abril, pela Copa do Brasil. Passou os primeiros 3 meses apenas treinando e realizando amistosos fora do Brasil. Quem cumpriu o carnê estadual foi sua equipe sub-23. Achei inovador. É claro que desmoralizante para sua federação. E até mesmo imagino que a direção do Atlético PR não mantenha boas relações com a federação paranaense. Por este motivo, talvez, queiram ressucitar a Copa Sul Minas… Sei lá… Mas o que é relevante para mim é a questão de que os regionais que temos não serve de parametro para nada.
Veja o nosso caso. Como é que está o Inter? É um time confiável? Estamos realmente jogando bem? Tudo funciona? E quando as coisas não andam? O Inter que é fraco ou o adversário que se superou? Que potencial tem Veranópolis e Lageadense para servirem como divisor de águas?
E mais, com um campeonato deficitário, não seria mais rentável excursionar pelo exterior? Aliaríamos adversários mais qualificados para testes, dinheiro e visibilidade da marca. Ta bom, tá bom eu sei que organizar essas inter-temporadas para clubes sulamericanos em janeiro e fevereiro é complicado e temos que nos adequar a nossa realidade.
Mas inovar é preciso. Ou reabilitamos um regional falido ou partimos para outras alternativas.
SEGUE UM RESUMO DO POST DE DIOGO OLIVIER, DO BLOG NO ATAQUE, PUBLICADO EM ZERO HORA:
Técnico aponta saída para crise do Interior
30 de março de 2013
Pode haver alguém que saiba tanto sobre o futebol dos rincões da Província de São Pedro quanto ele. Mais, duvido. Aos 71 anos, bem de saúde e com memória de elefante, já treinou quase todos os principais clubes do Interior. É da extirpe de Daltro Menezes, Poletto, Pastelão, Carlos Froner, Ernesto Guedes e algum outro cujo perdão peço desde já pelo esquecimento inaceitável. Todos estes ultrapassaram o Mampituba (Froner chegou à Seleção Brasileira) mas fizeram história na aldeia graças ao amor incondicional pelo velho e bom Gauchão.
Meu entrevistado comandou Inter e Grêmio. Foi campeão potiguar pelo América (1980) e paraibano pelo Botafogo (1985). Subiu seis equipes à Série A do Gauchão desde os anos 70, sem contar os títulos de campeão do Interior na divisão de elite. Entende que marchamos para o precipício. Nesta conversa, aponta o dedo para os defeitos com a língua afiada de sempre e oferece a solução: um retorno às raízes farrapas do Campeonato Gaúcho, segundo ele invadido por forasteiros. Com a palavra, Francisco da Silva Neto, o Chiquinho:
Zero Hora – O futebol do Interior está em crise? Chiquinho – Sim. E não é de hoje. Este ano tudo está mais visível pela deficiência técnicas dos times. Inter e Grêmio levam um gol quando relaxam no jogo, mas basta apertar um pouco para passar por cima com facilidade.
ZH – De quem é a culpa? Chiquinho – Eu brinco que é do Chico (Francisco Novelletto, presidente da FGF). A culpa pelos dirigentes do Interior não fazerem time é dele. Duvido que um dia teremos um presidente como ele, que arruma patrocínio e dinheiro como nunca se viu no Rio Grande do Sul para os clubes. Os dirigentes estão mal acostumados. Pegam o R$ 1 milhão (cota que a FGF paga aos participantes da Série A) e vivem na preguiça. Antes, tinham de correr atrás. Até rifa de carro se fazia no meu tempo. Claro que isso não tem mais cabimento, mas antes eles se envolviam com o dia-a-dia da elaboração de um time. Hoje, entregam tudo na mão do empresário. Aí, claro, os dirigentes são facilmente enrolados.
ZH – Que empresários? Chiquinho – Os miúdos. Não estou falando de um Gilmar Veloz, de um Jorge Machado. Estes têm nome a zelar. Falo dos desconhecidos, que trazem jogador de ônibus dos lugares mais improváveis, sem nem saber quem são. Sei de casos que um só empresário trouxe 29 jogadores de uma sentada só. Até roupeiro vem de fora. E ainda ficam com parte do salário do jogador. Aí não tem como dar certo mesmo. Vira torre de babel.
ZH – Torre de babel? Chiquinho – Jogadores do Acre, do Maranhão. Estão chegando jogadores que ninguém conhece, em detrimento dos nossos, da terra.
ZH – Qual a solução para esta crise toda? Chiquinho – Um retorno às nossas raízes. Temos de apostar em jogadores nossos. Que se envolvam com a comunidade. Que saibam o que é o Campeonato Gaúcho. Estou falando de tradição.
ZH – Mas não é preconceito excluir jogadores de outros estados? Chiquinho – Não se trata disso. Veja: é claro que Grêmio e Inter sempre terão mais força e qualidade. Isso nunca mudará. Mas antes fazíamos uma guerra contra a Dupla. Agora, não. Agora, a legião estrangeira de qualidade duvidosa vem para cá, joga quatro meses pensando no próximo emprego e vai embora. Não faz churrasco com os amigos, ninguém sabe dos problemas da cidade, não faz amizades. Nesta lógica, que diferença faz ganhar ou perder? Então é melhor apostar na nossa gente. Não precisa ser 100% gaúcho, mas hoje é 80% de fora. Sem falar que é mais barato. Vou dar um exemplo: este menino Felipinho, do Pelotas. Como não é titular? Precisamos de um campeonato longo, de sete meses.
ZH – Como fazer um Gauchão de ano todo, com o calendário apertado da Dupla Gre-Nal? Chiquinho – Eles entrariam só no fim. Teria de ver as datas, fazer um amplo estudo, mas Inter e Grêmio não têm de jogar desde o começo.
ZH – Dá para manter o interesse sem Inter e Grêmio? Chiquinho – O interesse aumentaria. O que mata o Interior é este torneio curto. Como se envolver por quatro meses e passar o resto do ano sem fazer nada? Se fosse o ano todo, com gente nossa, aos poucos as comunidades se envolveria de novo.
ZH – Quem patrocinaria campeonato sem Grêmio e Inter? Chiquinho – Se não treinei todos os clubes do Interior, estou perto disso. Conheço as comunidades. O empresário não quer saber de pagar por quatro meses. Quer projeto longo. Se a comunidade for se envolvendo, ele investe e tem retorno regional.
ZH – A rivalidade Gre-Nal não está engolindo o Interior? Chiquinho – É outra lenda. Há praças que adoram futebol. Cito algumas: Pelotas, Passo Fundo, Santo Ângelo, Carazinho. Se tu faz um time com jogadores da região, o pessoal vai em bom número. Seria um atrativo durante o ano para as comunidades. E os custos diminuiriam.
ZH – E se tudo continuar exatamente como está? Chiquinho – Bagé e Livramento já morreram, bem dizer. Vai ter clube fechando. Canoas e Veranópolis, se caírem, não sei não. É preciso mudar.
É ISSO PESSOAL. BEIJOCAS…
Isso mesmo Simoni, não se pode saber se o time está bem ou mal jogando contra times sem qualificação. Um campeonato mais enxuto seria a solução.
FRANCISCO NETO É PATRIMONIO DO FUTEBOL DO RS. DEVERIA ESTAR FAZENDO CONSULTORIA. PORQUE NÃO O CHAMAM?
Alô você Simone!
Sob o teu texto eu usaria a frase de um ex presidente do Inter: “Vamos inovar não mudando”. O que eu quero dizer com isso, é que sob todos os apectos abordados reside parte das razões para a lenta morte dos regionais, mas sobretudo o preço que se pratica para vermos os espetáculos (sic?&*¨%*???) que estamos vendo é digno de gargalhadas. Cobra-se R$ 80,00 e até R$ 100,00 de preço médio para ver trogloditas bater no D’Alessandro. UFC é bem melhor e muito mais barato.
A entrevista do Chiquinho deveria ser encaminhada aos dirigentes como cartilha, mas a soberba não deixa. Enquanto isso vamos juntando um dinheirinho para o sepultamento regional.
SC