Afinal de contas, dá para entender?

$$$$$. É só isso? (Imagem: site Yahoo)
$$$$$. É só isso? (Imagem: site Yahoo)

Vou abordar nessa postagem dois (2) pontos que considero importantes para tentar entender o estágio do futebol brasileiro atual.

O primeiro é sobre a construção de grandes estádios, em vários Estados de nosso Brasil. O que temos notado hoje em dia é o alto preço dos ingressos para assistir uma partida. De uma maneira geral, os preços são exorbitantes e ficam longe do poder aquisitivo da grande maioria de torcedores. É fácil entender que os ingressos sejam mais caros nos espaços onde há serviços incluídos, mas deveriam ajudar a tornar mais barato o acesso a lugares com preços mais populares, para que o futebol não perca sua essência, que é a ligação com o povo, pois futebol só existe com a bola, jogadores e com o torcedor. A modernização dos Estádios para Arenas escancaram, jogo após jogo, um problema: falta de gente para encher as arquibancadas.

Do ponto de vista de um leigo no assunto, as Arenas não reproduzem a energia dos velhos estádios, em parte, porque querem mudar e não entender o perfil de quem as frequenta. Historicamente, o preço do futebol era semelhante ao preço do cinema. Hoje, paga-se aproximadamente R$ 18,00 a R$ 20,00 (inteira) para ir ao cinema, salvo dias em que a entrada é mais cara, em torno de R$ 25,00 a R$ 30,00. Como exemplo, quem foi assistir algum jogo na Arena Fonte Nova, pagou o mínimo de R$ 60,00 (inteira). É praticamente três (3) vezes mais. Aqui na Bahia, nem com o jogo oficial do torneio da Copa das Confederações – FIFA, entre as duas (2) seleções com mais títulos de Copa do Mundo, Brasil x Itália, a Arena Fonte Nova não lotou, assim como nas realizações do tradicional Bahia x Vitória e nos jogos contra os grandes clubes brasileiros que visitaram Salvador durante esse Campeonato Brasileiro. O torcedor já mostrou não ter condições ou vontade de pagar essa conta, por melhor que seja o serviço atual comparado ao dos estádios.

Dados do IBGE, em 2010, sete (7) em cada dez (10) brasileiros ganhavam até dois (2) salários mínimos por mês e, cerca de metade dos brasileiros vivia co até um (1) salário. Arquibancada vazia não tem vida própria, não ajuda o time em campo, não permite recuperar o dinheiro investido, mas é a resposta do torcedor.

Outro empecilho que contribui para esse esvaziamento das Arenas é o desconforto. Por dentro, as Arenas, sem sombra de dúvidas, são muito mais confortáveis, mas por fora, a “luta” continua. Se a localização ajuda, chegar à Arena e estacionar continua sendo um tormento. Cadê o transporte público? Cadê a segurança no trajeto de ida e volta para casa? Tem ainda o entrave cultural. O torcedor brasileiro costuma comprar o ingresso antes dos jogos. Filas, confusão nas bilheterias, gás de pimenta, lágrimas, discussões, correria e mau tratamento, é comum para quem acompanha os jogos. Soma-se a isso a proibição da costumeira cervejinha durante os jogos, provocando a lotação e o consumo exagerado em bares no entorno das Arenas, o que afeta também o livre acesso ou saída da maioria dos torcedores. Devido às dificuldades encontradas muita gente desiste e perdem a vontade de voltar às Arenas.

Finalizando, essas obras maravilhosas continuam sendo obras inacabadas e caras. Nossa esperança que esses problemas sejam analisados exaustivamente pela direção do nosso Internacional, medidas corretivas sejam adotadas, que se pense um pouco mais nas raízes do Clube do Povo do Rio Grande do Sul, servindo de exemplo para as demais Arenas e Estádios, de forma a não se repetirem também em nosso novo Beira Rio.

O segundo é o que me intriga mesmo. É sobre o “gerenciamento de carreira”. Esse “gerenciamento de carreira” já começa antes da entrada desses meninos nas categorias de base dos clubes, pequenos ou grandes. Qualquer responsável pela vida profissional de um atleta tem a expressão na ponta da língua e, veja, bem usado, o tal “gerenciamento de carreira” é mesmo importante. Um jogador consciente ou bem orientado tende a escolher o melhor caminho. Se é bom, mas não é (ou pode vir a ser) agora top, ganhar dinheiro em centros menos importantes da bola mundial não deixa de ser uma boa saída. Questionável, são jovens e promissores jogadores que se aventurarem no obscurantismo do leste europeu, pois duvido que alguma vez, tenham sonhado em jogar em um time da Ucrânia, Rússia, China, Catar, Arábia Saudita ou outro país daquela região, por um motivo simples, pensam ou sonham em jogar algum dia em um Milan, Manchester United, Bayer, Real Madrid, Barcelona, Chelsea ou outro grande clube da Europa. Na verdade, o que conta nessa hora, são os milhões na conta do clube, a gorda compensação do empresário/agente, como queiram, e o extraordinário salário mensal. É o cifrão matando a paixão. Duro, mas fácil de entender, pois grana é grana. Onde ficam os sonhos dos torcedores desses clubes? Nota-se, facilmente, que pensar, atualmente em clubes, em sonhos de torcidas, títulos, conquistas, é totalmente um despropósito, pois o que vale atualmente é o mercado de jogadores e o dinheiro nas contas, ou seja, nosso futebol brasileiro virou somente um negócio de investimento, compra e venda.

Triste realidade, difícil de entender.

2 thoughts on “Afinal de contas, dá para entender?

  1. Alô você Pauperio!
    A matéria como escreveu nosso querido F.Sonntag, futuro Reitor e mais tarde prefeito de Lajeado é oportuna. Temos comparecido a algumas palestras cujos temas giram em torno de “arenas”. é impressionante como os formadores de opinião, via de regra, preparadíssimos para as palestras, profundos conhecedores da matéria tentam formar a opinião de que lá na Europa… a Europa, a Europa.É impressionante como se percebe que não há nesses eventos a defesa dos nossos hábitos, de nossa cultura enfim. Vamos chegar lá não tenho dúvidas mas ainda vamos ter que repensar algumas coisas como custos, muito bem abordado por ti em virtude de não termos em estudos prévios levado isso em consideração com o percentual que ele merece.
    PS: Nenhuma ‘arena” teve lotação plena até hoje, mesmo com clássicos ou jogos da seleção. Alguns já notaram isso e começam a rever alguns dados pecuniários. Poderíamos ter evitado isso, porém…
    SC

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