E se eu fosse o Presidente do Inter? E agora, conserta tudo que costumeiramente você critica…é fácil!

Sabe aquele cachorro que corre atrás do carro e quando o carro pára ele não sabe o que fazer? Pois acredito que seria assim. Sentar-me-ia naquela cadeira e naquela sala maravilhosa, fecharia as portas e começaria a chorar. Sim, chorar, porque acredito que a ficha cairia ao olhar a lista de problemas, a começar pelo Caixa. No dia seguinte chamaria a imprensa e colocaria a boca no trombone acerca da tragédia que encontrei no clube, que meus antecessores não contaram exatamente toda a verdade e que a missão está mais para Ethan Hunt ou MacGyver do que para Sassá Mutema. No terceiro dia procuraria um psicólogo e um psiquiatra para iniciar meu tratamento, porque a depressão, neste cenário, seria inevitável.
Comandar uma empresa com milhares de clientes, fornecedores, acionistas e funcionários é um desafio e tanto, exigindo comprovada experiência e um conjunto de competências e habilidades de liderança altamente desenvolvidas. Normalmente os chamados stakeholders (todos aqueles com algum interesse na empresa) possuem comportamento similar, dado as características dos produtos ou serviços entregues pela empresa. Comandar uma instituição com milhares de torcedores emanando todos os tipos de energia e sentimentos que um ser humano traz em sua natureza é ainda mais desafiador, exatamente porque envolve muita subjetividade, níveis culturais diversos, gerações e comportamentos muito diferentes. A grande maioria dos interessados em um time de futebol exigem títulos, não importando os meios utilizados, desde aqueles que ocorrem dentro das 4 linhas até os endividamentos ad eternum que os clubes são submetidos por gestões temerosas e outras fraudulentas ou corruptas.
Então, e agora, milhares de sócios confiarem em mim e vou ficar neste ciclo vicioso e escrever as 3 cartas? Para quem não sabe, existe um “causo” no meio Corporativo que conta que, quando você é contratado por uma empresa para consertar os vários problemas deixados pelo antecessor pode acontecer o seguinte: ao chegar no trabalho encontra na gaveta do escritório 3 cartas dizendo para abrir a carta 1 na primeira reunião de prestação de contas, a carta 2 na segunda reunião e a carta 3 na terceira. Na primeira carta está escrito para culpar seu antecessor pela bagunça que você encontrou na empresa; na segunda está escrito que a bagunça era tanto que ainda não deu tempo consertar tudo; e, na terceira está escrito para escrever 3 cartas e deixar para o seu sucessor.
Como sou um bravo, não vou decepcionar meus eleitores:

– A primeira medida é democratizar o clube ainda mais. Abriria uma pesquisa para saber a opinião dos sócios torcedores acerca de que estilo de futebol eles gostariam de ver praticado pelo Inter (1 – Técnica e Força; 2 – Clássico, Técnica e Posse de Bola; 3 – Técnica, Força e Velocidade). A escolha seria parte integrante da redefinição da Missão e dos Valores da Instituição, sendo que, todas as decisões de futebol deveriam seguir estas definições.

– Na gestão do clube seriam aplicados os princípios básicos de administração – Planejamento, Organização, Execução e Controle -, incorporando as novas tecnologias para garantir a adaptação do clube às mais modernas práticas de mercado.

– As categorias de base seriam reformuladas para formar cidadãos e atletas, com escolas internas que exigiriam bom aproveitamento escolar para se manter no futebol. Claro que sempre haveriam exceções porque, afinal, a flexibilidade é um requisito básico para adequação aos gênios. Avaliações recorrentes seriam instituídas para assegurar que os investimentos nas categorias de base produziriam os resultados esperados, sem hesitar em fazer os ajustes necessários a tempo.

– Uma comissão técnica permanente seria constituída – treinador de goleiros, preparador físico e auxiliar técnico, entre outros, seriam fixos do clube. Os técnicos contratados somente poderiam trazer seu auxiliar técnico pessoal. Investiria no desenvolvimento de treinadores com carreira no clube para garantir que o modelo implementado seja respeitado. A comissão técnica permanente seria aparelhada para acompanhar os progressos científicos – metodologias, conceitos, etc. – mundo afora, a fim de garantir que o clube se mantivesse atualizado com as mais modernas tecnologias.

– Uma vez ao ano o clube patrocinaria uma conferência mundial sobre futebol, onde técnicos, jornalistas, jogadores, autoridades, entre outros especialistas, seriam convidados a debater desde a gestão até os novos conceitos de práticas de futebol, a fim de assegurar que o clube fique completamente sintonizado com o que há de mais moderno.

– As finanças levariam em conta a mais básica das lições de economia. Não pode gastar mais do que arrecada. O clube não seria superavitário, mas, muito menos deficitário. Toda a arrecadação seria investida na manutenção e crescimento do clube. Todos os contratos em vigor seriam revistos para garantir que seu objeto esteja sendo cumprido em favor do clube. Toda a estrutura organizacional e de custos seria revisada para garantir que as despesas são necessárias e qualquer desperdício seria imediatamente eliminado (metodologias com LEAN e Six Sigma seriam aplicadas nos processos). Por último, o Diretor Financeiro, assim como o Diretor de Marketing, não seria necessariamente alguém da política do clube e sim, alguém com curriculum profissional com comprovada experiência na área. Claro que todos devem ser comprovadamente colorados.

– Uma área de Controles Internos seria criada com profissionais capacitados para, entre outras coisas, assegurar que os processos internos – compras, vendas, contábeis, sigam as leis e os regimentos internos com fidedignidade. Seria responsável também por implementar as políticas e procedimentos a serem seguidos por todos os funcionários do clube, remunerados ou não. Exceções somente seriam aceitas com a aprovação do Conselho de Administração.

– O Conselho de Administração seguiria os 4 princípios básicos de Governança Institucional – Transparência, Equidade, Prestação de Contas e Responsabilidade Institucional. A formação respeitaria as melhores práticas, incluindo pessoas externas independentes.

– A integridade da instituição seria parte dos seus valores culturais, especialmente no que refere ao cumprimento das leis, ao comportamento ético e a preocupação constante com o meio ambiente e com a sociedade e todo seu entorno.

– A transparência total com a torcida, imprensa e governo também faria parte do modelo de governança.

– Reeducaria e reforçaria a missão da área de relacionamento com o torcedor, assegurando atendimento de classe mundial, afinal o torcedor é a alma e a razão da existência do clube.

Muitas destas ações ou metas parecem utópicas, principalmente porque envolve aspectos culturais difíceis de serem superados, vis-à-vis o que ocorre na política. Vejam que na política oposições a reformas são feitas pelo simples fato de ser contra o proponente, ou seja, não há nenhuma preocupação em avaliar o mérito ou a necessidade da mudança sendo proposta. Aliás, esta é uma das desgraças no nosso país. É preciso ter discernimento claro, enxergar o contexto e esquecer do próprio umbigo para fazer uma avaliação isenta de matizes políticos.
No futebol é a mesma coisa. As oposições sempre vão enfatizar as falhas da situação e jamais vão reconhecer os méritos, mesmo que estes sejam infinitamente superiores aos erros cometidos. Quando você junta isso com os desejos de torcedores e eventuais fracassos dentro das 4 linhas, pronto, a bomba estaria armada para explodir, mesmo que exista um plano capaz de levar a instituição a outro patamar com o tempo, sempre exigindo, como qualquer planejamento, ajustes de tempos em tempos.
Quanto tempo seria necessário para implementar esta filosofia ou estes conceitos de gestão, para mim, pouco importa, o mais importante seria ter a confiança de todos aqueles interessados na construção de um clube diferenciado, capazes de tolerar possíveis infortúnios em campo, nos primeiros anos, para assegurar um futuro brilhante pela frente.
Não há vento que sopre em favor de quem não sabe para onde ir, segundo Sêneca. E é isso que apoia minhas ideias. Difícil ser vencedor sem ordem e disciplina. É assim na vida, é assim nas empresas. A ferramenta que apoia este conjunto de ações chama-se planejamento.

9 thoughts on “E se eu fosse o Presidente do Inter? E agora, conserta tudo que costumeiramente você critica…é fácil!

  1. Alô você Naladar!
    Perfeito, gostei muito do desenvolvimento de tua linha presidencial. O planejamento está aí, é só aproveitar.
    Acrescentaria a formação de dirigentes especialmente da área futebol, aliás assunto sobre o qual não avançamos nada desde Poppe Leão.
    Coloradamente,
    Melo

  2. Prezado Naladar

    Excelente planejamento, com medidas criativas e saneadoras dos muitos problemas que temos no nosso Colorado e que acabam desembocando dentro de campo. Mesmo que pareçam utópicas (algumas medidas), são perfeitamente factíveis e aplicáveis. Algumas mudanças são mais drásticas, outras menos. Mas são necessárias para viabilizar um clube cada vez mais auto-sustentável e em constante evolução e crescimento. Parabéns pelo seu belo texto.

    Abraço!

    1. Valeu bike boy colorado….obrigado pelos comentários. Hoje fechamos com mais um vitória. Sinceramente, era o que eu esperava. Na verdade, esperava poucos empates na Série B e nenhuma derrota…agora embalamos…

  3. Prezado Naladar e amigos(as) colorados(as),

    Parabéns pela descrição apurada e bastante rica em conteúdo à cerca do funcionamento da intrincada e caprichosa, sob aspectos indissociáveis como, o Financeiro, o Marketing e o Futebol Profissional, no organograma funcional de um clube da série A, que joga no futebol brasileiro e tem objetivos de ser o melhor, ou o campeão, onde entra para disputar. A tua narrativa vem de encontro ao problemão vivido pelo Sport Club Internacional, o Colorado, que por NÃO TER exatamente os predicados por ti apontados no post, encontra-se embalsamado e enredado na divisão B do esporte bretão aqui no Brasil.

    Além da desorganização total no curso do Futebol Profissional, onde contratações de qualidade duvidosa ou aproveitamento difícil de entender, se o contratado não era titular, mas recebia um salário nababesco, como se tal fosse e custavam os olhos da cara, eram rotina no dia a dia do clube. Não vamos falar de escalações estapafúrdias de verdadeiras nabas só porque o seu empresário era bem de vida e tinha trânsito junto aos diretores do clube e investimentos vultosos no próprio conjunto de contratações da mesma diretoria.

    Vamos referir à completa falta de critérios, de convicções, de ir ao sabor do vento, a começar pelo treinador que não era uma unanimidade nacional pela competência e tinha ainda o perigoso defeito ou submissão, talvez pela pouca experiência, de submeter a escalação da sua equipe aos gostos de determinado diretor ou empresário que precisava azeitar a visibilidade do “seu atleta” em detrimento do clube que lhe pagava os salários, pontualmente e da briosa torcida colorada que lotava estádios para apoiar sempre, mesmo não concordando com o que vinha assistindo em campo e na tabela de classificação.

    Quem tinha cacife de levar o Inter onde deveria chegar pelo seu porte de grande clube e quadro social, agradeceu e pulou fora, vendo o cenário de hipocrisia reinante na alta esfera do clube e a impossibilidade de fazer um bom trabalho, focado nos objetivos primordiais de manter o Inter na disputa das vagas da Libertadores da América e também pelo título nacional do Brasileirão e Copa do Brasil, diante do óbvio declínio da qualidade na hierarquia do clube, onde cada vez mais palpiteiros de plantão, tinham soluções mágicas para nos tirar do embróglio montado com toda esta desfaçatez e corrupção deslavada.

    Nada melhor do que o que tu propões prezado amigo: transparência, atualização e modernidade em tudo que se faz num clube do tamanho do Internacional, ou do tamanho que ele alcançou com tantos investimentos amealhados durante décadas e décadas, mesmo sem alcançar ainda o pódium, mas tendo já, uma infraestrutura de 1º Mundo, aqui no sul do Brasil, que foi um alicerce importante quando ganhamos o mundo com a vitória em 2006 e poderia ter servido de trampolim para alçar vôos mais altos, mas…2010 foi o começo do fim e aqui estamos, na segunda divisão.

    Além de oportuna, a tua proposta é urgente que seja implantada no organismo funcional do Sport Club Internacional. Com a palavra, os nossos dirigentes e nossa torcida.
    Grande abraço.

    1. Gaude, obrigado pelos comentários. Infelizmente não tenho muita esperança de que nossos dirigentes pensem minimamente na mesma linha que nós torcedores. Há outros escribas aqui no BAC que defendem linhas de atuação similares há muito tempo, ou seja, há entre nós torcedores muita convergência de ideias acerca do que se fazer, mas isso não tem sensibilizado aqueles que dirigem nosso clube de coração.

  4. SE EU FOSSE PRESIDENTE DO COLORADO, DARIA TÍTULOS E LUCROS AO CLUBE !!!

    A pior coisa que aconteceu no mercado do futebol foram os dirigentes de clubes não terem talento para conseguirem ser independentes, não precisar sofrer a influência de ex-dirigentes e ficarem dependentes deles e de empresários.

    Não sei se é verdade que isso possa estar acontecendo dentro do INTERNACIONAL, até mesmo quando as coisas não funcionam corretamente de forma clara dentro do campo, logo condenamos apenas o treinador e os jogadores, POR QUE OS DIRIGENTES SEMPRE TEM RAZÃO.

    Se eu fosse Presidente tentaria montar primeiro um GRUPO de TRABALHO com TALENTOSO$ COLORADO$, contrataria os melhores jogadores do mundo do goleiro até o meio do campo, e na frente algo tipo o Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar para ser o TRIO para fazer os GOLS de CAPTAÇÃO de RECUR$OS.

    Como falava um Amigo meu e de muitos Brasileiros por aí, estou convencido e tenho a certeza que junto aos PATROCINADORE$ de PORTES VIRTUAI$, seria muito fácil angariar FUNDO$, por que estes GRANDES jogadores dariam muito LUCRO dentro e fora das quatro linhas, e TODO O TIME poderia $ER CAMPEÃO.

    Pensando grande assim, é bem melhor do que ter que ouvir corneta da torcida e da imprensa por ter contratado jogadores do perfil do Carlinhos, Alemão, Uendel, Gutiérrez, Roberson, Alemão, Carlos, Cirino, Diego, etc.

    O INTERNACIONAL PRECISA VOLTAR A PLANEJAR, ORGANIZAR E EXECUTAR UM FUTEBOL VENCEDOR, DENTRO E FORA DAS QUATRO LINHAS, COMO CLUBE GRANDE.

    Abs. Dorian Bueno, Google+Plus, POA, 19.08.2017

      1. Olá Amigo Naladar ( Wolfgang ) !!!

        Eu sempre procurei SONHAR GRANDE.
        Agora conquistar tudo que desejamos, precisamos ser merecedores.

        PARA O BEM DE TODOS, EU ACEITO SER MINISTRO DA CULTURA DO BRASIL !!!

        Por ser um abençoado Filho de Deus, apenas um Grande Colorado por parte de MÃE e Gremista por parte de PAI, chefe de Família, bem letrado, com ótimo relacionamento entre muitos setores da sociedade, por não ser tanto pecador, sinto que estou capacitado para sonhar mais alto nesta vida, por que estou sempre me divertindo apesar do peso da minha CRUZ.
        Mas, Deus sabe que eu posso carregar ela aos poucos e com muita paciência. Acredito também que eu tenho o perfil desejado para fazer espraiar a nossa cultura Gauchesca para o resto do Brasil, sem propinas de empresas poderosas que comandam o NOSSO PAÍS.
        Preciso tanto aumentar o meu ganho mensal, que até aceitaria esta oportunidade de ser Ministro da Cultura, já que ninguém está ficando no cargo por ENES problemas que eu não tenho.
        Procurarei ser o mais culto e simpático de todos lá em Brasília, defendendo principalmente, um novo vocabulário sem remendos.
        Quero que o POVO BRASILEIRO possa entender de primeira, quando escuta um Político, Presidente ou Ministro falando sem problemas de comprometimento com as bases governamentais e possa ficar orgulhoso deste Gaúcho Tchê.
        Bah Tchê fiquei TRI emocionado, que chegou a cair os meus butiás do bolso da minha guaiaca honesta.

        Abs. Dorian Bueno – Google + Plus, POA, 19.08.2017

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