De 1997 a 2000, por questões profissionais, tive que residir em Manaus-AM, foram três anos maravilhosos da minha vida, porém com um inconveniente, tive que me afastar do cotidiano de uma das minhas grandes paixões, o Internacional.
Tão logo retornei, uma das primeiras coisas que fiz foi me reencontrar com o Beira Rio, motivo para acelerar minha frequência cardíaca a 169 batidas por minutos umas duas vezes por semana no mínimo. Nada demais, exceto para quem porta um marca-passo cardíaco desde 1991.
Ao me engajar a uma nova equipe de trabalho, onde naturalmente e felizmente a grande maioria eram colorados, um belo dia um grupo discutia o então como de costume criticado elenco e suas carências.
Eu silencioso escutava, até que fui inquerido pelos colegas, o que eu achava? Respondi, sem presunção alguma, que minhas preocupações estavam bem além da fraca equipe do momento que judiava bastante do meu combalido coração.
Não entendia como todos que passaram mais recentemente pela administração do Clube assistiam passivamente o desmoronamento do então velho Beira Rio, quando pela primeira vez surgiu alguém com uma proposta concreta de modernização ou construção de um novo estádio, com a participação efusiva da imprensa esportiva, foi devidamente soterrado, injuriado, debochado, etc.
Não entendia como um Clube da nossa grandeza, tinha uma miséria de sócios e não se via um movimentação coerente para fazer com que o colorado se associasse, quando havia, era em cima de uma onda efêmera, como, por exemplo, a contratação do Dunga e logo, com os maus resultados, praticamente se esvaziou, o grande número que havia se associado rasgou suas carteirinhas.
Pois em parte parece que ouviram minhas angustias, o Beira Rio foi modernizado sendo capaz de receber qualquer nível de competição, quem disse isso é a FIFA, hoje estamos entre os Clubes com o maior números de sócios do mundo, embora eu discorde de como é formado nossos cento e tantos mil associados, será motivo de uma oportuna manifestação de minha parte.
Mas a humanidade avançou, a Internet, e-mail, Whatsapp chegaram, que o digam os taxistas para o bem ou para o mal, o Uber mudou um monte de relações sociais, comerciais e parece que nosso Inter repousa em berço esplêndido, em cima de todas as grandes conquistas que merecidamente e legitimamente alcançamos.
Pior que repousar, começou a afundar, pois após uma série de catástrofes, retornamos ao nosso devido lugar, porém no momento de dar o passo à frente, estamos com os cofres exauridos e vamos para as competições de 2019 sem uma contratação que nos dê a esperança que o time tenha melhorado.
Ai que eu pergunto, e as obras do entorno do Beira Rio que diziam nos dariam um novo patamar econômico? E o Gigantinho totalmente obsoleto que ameaçaram modernizar? E o novo centro de treinamento que possibilitariam elevar nossas categorias de base, hoje tão bombardeadas, criticadas e até humilhadas? E a falta de busca desenfreada por novas fontes de receitas? E os gestores de hoje que observam calados os associados e torcedores serem espoliados com os preços aviltantes cobrados por comidas e bebidas oferecidos dentro do Estádio? A ocupação média do estádio é muito baixa, existe algum estudo, é possível criar um aplicativo e possibilitar ao sócio que não vai ao jogo ceder seu lugar para um colorado que não tem condições de ir ao jogo, e não se ter aquela sensação de abandono, de descaso nos jogos de menor importância? Porque ficar esperando juntar 70 milhões para começar a fazer o centro de treinamento em Guaíba, não dá para o Clube fazer uns 4 ou seis campos e dois vestiários, uma academia e trazer de vez as categorias de base de Alvorada para mais próximo?
Sinceramente, esses fatos são os que mais me preocupam nessa fase atual, acima de que o Odair não tenha um sistema de jogo, até porque discordo amavelmente, eu vejo um sistema em que privilegia o sistema defensivo, com três volantes a frente dos zagueiros, e três atacantes.
Restando duas opções, ou tira um dos atacantes e coloca um articulador, D’Alessandro; ou transforma nosso melhor atacante N Lopes num articulador deficiente, embora se esforce para desempenhar a função que ele não é apto.
A insistência com o Potker, para mim, é clara, para cobrir a deficiência do lateral que marca mal, com isso perde a principal característica do Potker que é a última jogada, quando joga no lado pouco adianta sua força e velocidade, pois corre de cabeça baixa e não tem a visão de preparador de jogada e ainda erra a maioria dos cruzamentos, eu prefiro a cobertura feita pelos volantes e zagueiros.
Também acho que as limitações de elenco e qualidade são problemas maiores que as deficiências do técnico, mesmo eu não gostando do sistema usado por ele, diga-se de passagem, não gostava do retranquismo eficiente do Enio Andrade, que sempre tinha gente habilitada para o contra-ataque, tipo Heider. O time do Odair, quando o articulador não está em campo, não tem nem o recurso usado pelo vitorioso Enio Andrade de saudosa memória.
Pois que venha o Alianza Lima, respeitemos, pois vem de um empate com o River, que já o qualifica, principalmente nesse momento que ainda estamos em busca de afirmação e de muita desconfiança da torcida, muito estimulada pela imprensa isenta, que consegue ver como venturoso um empate fora e preocupante uma vitória também fora.
Enquanto isso, sigo com minhas aflições e angustias acima postas, na esperança que venham soluções em breve, não esquecendo que o Flamengo, em três jogadores, aplicou cem milhões, e o Inter um milhão e meio em todas as contratações e todos os dias na capela das vitórias tem dirigente de joelhos rezando por uma venda de jogador que implica perda de qualidade.
Eu estou mais preocupado com os problemas além das quatro linhas, qualidade tem preço e custa caro, temos que nos habilitar para enfrentar todos em todas as áreas, principalmente financeira.
Roldan, excelente visão e histórico do passado e da realidade do presente. Gostaria de acrescentar uma opinião, pois acredito que o Internacional tem um bom plantel e poderia ter um time com desempenhos bem superiores aos atuais. Já estivemos em situações bem piores e, nessa época, não faltaram soluções criativas. Hoje vejo uma boa gestão, mas pouco ambiciosa e muito afastada dos anseios da torcida. Hoje há clara diminuição da imagem do clube no cenário nacional, fruto da defesa da mediocridade, do sentimento de impotência e de inferioridade. Se há hoje razões para isso, no passado também havia e as gestões se portavam como defensores de um grande clube. Não ficavam chorando misérias na mídia. Como torcedor não consigo entender a lógica das finanças Coloradas, pois para um leigo como eu, fico imaginando o que foi e é feito com todas as receitas. Não tem dinheiro para contratar grandes jogadores, tudo bem, mas não gaste um centavo com jogadores que não serão aproveitados.
Olá Paupério, certamente necessitamos melhorar, e só consegue mudar essa situação quem está no poder, espero que achem o melhor caminho, abraço.
Alô você Roldan!
Excelentes as colocações. Se bem entendi és adepto de algo que aprendemos em “nossa escola”, o estabelecimento de objetivos, o principal e os intermediários. Os intermediários em alguns casos servem como degraus para atingirmos o objetivo principal, caso muito claro do CT da maneira em que abordas. Referente ao time, algo semelhante. Primeiro o time do Daltro e seu retrancão, lapidado por Dino Sani e o êxito alcançado por Minelli com o toque pluma ou a cereja do bolo. Tudo a seu tempo. O galho é que a angústia por vezes toma conta e nos faz querer virar Airton Sena e acelerar, tão somente. Parabéns!
Obrigado Melo, essa é minha expectativa, que saibam identificar os problemas, definir prioridades e partir para soluções perenes, abraço.
Oi Roldan. Parabéns pelo Post. Creio que tua paixão e a mesma que norteia todos Colorados de coração. Concordo contigo sobre o esquema e a maneira de jogar do Odair. Creio que jogando três jogos consecutivos em casa, teremos grande de chance de passar pela fase de grupos. Abraço.
Obrigado Leandro, parece que estamos bem encaminhado, é muito importante continuar avançando nessa competição sem abrir mão das outras, abraço.