Zona de conforto

“De vez em quando é preciso subir num galho perigoso, porque é lá que estão as frutas”

Will Rogers

Por que o Inter deve sair da sua zona de conforto? Por que, se lá é tão quentinho e aconchegante? Eu lhe darei três boas razões:

A primeira razão é que o Inter será obrigado a sair um dia, por mais que resista. Ninguém passa os anos desfrutando de títulos do passado e sem encontrar dificuldades.

A incerteza é um fato da vida, a única coisa da qual podemos ter certeza. Não temos que nos entregar a precipitações óbvias ou riscos derrotistas, mas podemos nos permitir correr riscos positivos em busca do crescimento e progresso.

Ficar na zona de conforto é muito bom. Por isso sofremos com a síndrome do pós jogo; por isso tanto atleta fica sem responsabilidade: o pagamento tá em dia, o salário é bom, Porto Alegre é maravilhosa, a torcida me ama…. O desconforto em abandonar a zona de conforto representado pelos maus resultados é confirmado cientifica e quantitativamente. Estudos e pesquisas comportamentais apontam que a pior noite de sono é sempre a virada de domingo para a segunda.

 O útero da mãe é o melhor lugar do mundo para o bebê! Lá não tem dor, segunda-feira, frio, calor, não tem que levantar cedo para ir encarar uma série de coisas chatas, jogos contra o Náutico, etc. Mas a verdade é que, ficando lá, não escrevemos história alguma.

O bebê não pode ficar no ventre da mãe após 42 semanas, por isso é preciso trazê-lo ao mundo à força. E isso deve ser feito com o mínimo de trauma. Um dia você enfrenta o Barcelona, no outro a Ponte Preta.  Só na base do elogio a coisa não vai funcionar. E, de qualquer maneira que saia, a primeira coisa que o bebê faz é chorar.

A vida do vestiário, como a vida da gente, deve ser uma luta constante para não estacionarmos na zona de conforto. O desafio de quem pretende estar à frente de uma equipe, seja do tamanho que for, tem que ser procurar tornar-se cada vez melhor em dois tipos de artes: a arte da gestão e a arte da estratégia. Não podemos simplesmente optar por uma vida calma, sem nenhuma turbulência, sem se importar com os resultados.  Algum dia em algum lugar, algo nos fará passar por um teste para o qual não estaremos preparados e que gostaríamos não ter de enfrentar. Corra riscos. Não espere sempre por uma garantia. Não temos de ouvir: “-Eu não disse?”. Depois de um erro, sacuda o pó e caminhe para o sucesso.

A segunda razão é que, como seres humanos, acredito que procuramos maneiras de nos refinar e melhorar. Temos, dentro de nós, a capacidade e o desejo poderoso de melhorar nosso protótipo. E só podemos fazer isso nos esforçando e testando. O depoimento do Mestre Fê  é sobre como podemos fazer as coisas da melhor maneira calibrando de forma positiva o nosso “modo zona de conforto”, que habitualmente chamamos de planejamento, para sincronizar as ações cotidianas. Já a estratégia é sobre escolhas para além da zona de conforto. E é nisso que os mais talentosos atletas como D’Alesandro, Forlan, Damião, Dagoberto e Dátolo se distinguem, porque aí o que encontramos é a incerteza e o desconhecido, pois o futuro não tem mapa! O momento de fazer novas escolhas é, por excelência, o tempo de pensar fora da caixa. E costuma doer!

VAMO, VAMO, VAMO INTEEER… Quero um time diferente daqui pra frente!

Beijocas…