Profissionalismo e Paixão: Os Protagonistas

Até o Guaiba ficou acordado para apreciar o espetáculo (Imagem Clic RBS)
Até o Guaiba ficou acordado para apreciar o espetáculo (Imagem Clic RBS)
Trabalhar e ensaiar esta festa foi um prazer. Mas foi exaustivo.Por alguns momentos tive a certeza de que nada daria certo. Depois me alegrava e sim, acho que vai dar. No momento exato em que tudo aconteceu foi mais do que isso: foi mágico.
A festa começou com um vídeo que trouxe imagens do Internacional, misturadas com fatos brasileiros e mundial, de 1909 até 1969. Então, um drone voando por paisagens típicas e lindas de Porto Alegre indicava que todos os caminhos levam ao Beira Rio.  Os gigantes estavam indo pra lá.Este drone sobrevoou o Beira Rio em imagens ao vivo e uma contagem regressiva de onze (um time inteiro) a zero (o start) fez o Beira Rio urrar. Foi a primeira de tantas emoções . Em frente a uma orquestra de 100 músicos e um coral de 200 vozes, Fernandão, Figueroa, e Dalessandro abriram o espetáculo. Mal podia-se ouvi-los tal era a vibração do público. Mas acompanha-los e ajudar no texto foi uma honra para mim. Quando o Fernandão disse “quanto tempo para voltarmos aqui. E o Beira Rio está lindo” e o Dale completou ” E tenham certeza, sem dúvida alguma: É NOSSO!” eu me desmanchei.Não pude me controlar por que em seguida Figueroa decretou: ” Mágico estar aqui com a maior torcida do RS”. Estive com eles durante todo o dia e garanto a vocês. Eles são torcedores como nós, emocionados como nós e ainda jogam bola!
Tudo começou com a pressão para receber o terreno e construir o Beira Rio e foi uma pena que o estádio inteiro ainda gritava o nome de nossos ídolos.Poucos ouviram e entenderam as ligações  desafiadoras, quando os colorados receberam do prefeito um terreno na água.Mas todos se emocionaram ao ver o campo se transformar em água e o gigante ser novamente construido, até a inauguração que teve participantes (pessoas mesmo) que estiveram lá no 06 de abril de 1969, e reproduziram aquele dia. O gol de Claudiomiro e ele lá, com toda sua força, mas de idade avançada. O número musical foi a abertura de uma olimpiada.
Falcão: pura emoção (imagens Clic RBS)
Falcão: pura emoção (imagens Clic RBS)

Vieram os anos 70 e a década dourada. Momento forte foi a homenagem ao Falcão, autor da pintura que foi a tabelinha de ouro, juntamente com Escurinho que foi devidamente homenageado pelo próprio amigo. Aquela alí derrubou muita gente. Em 75 o gol iluminado, em 76 a confusão na cobrança de falta do Valdomiro e o Dadá que enfim virou um beija flor de verdade. Sensacional.Depois o Falcão nos disse que o time invicto de 79 jogava por música, então tudo virou uma boa discoteca.

Nos 80, anos dos quase (o INTER bateu na trave, como disse Julia Lemmertz) uma bar (era moda em Porto Alegre) trouxe as figuras de Damasceno e o Bereta (humoristas) para brincar com isso. Festejamos a Johan Gamper e o grenal do século.
Nos anos 90, anos de questionamento, anos difíceis. Comemoramos aquele penalti único do Célio Silva e o nosso eterno UH FABIANO no grenal dos 5 a dois. Um momento de depressão no estádio.Tudo ficou azul naquela década (Ana LONARDI cantou isso) e os Poppes, em cima do antigo placar, voltaram para perguntar o que estava acontecendo.Então chamaram todos aqueles que já se foram, para trazerem nossa tradição e força de volta. Foi um momento especial e emocionante. Alguns nomes apareceram para representar todos os colorados que não estão mais aqui….Na projeção, um Beira Rio se desmanchando e no final da conversa dos Poppes, voltando a ser grande. Tudo iria melhorar no século 21.
E foi assim. Duas libertadores, representadas por uma batalha de verdade, com direito a bombas, exércitos, soldados, e uma homenagem a Escola Imperadores do Samba que embalou o confronto. O mundial lembrado em 13 cenas da historia da torcida, desde a fundação do clube até o dia do gol do Gabiru.  Isso porque o lance teve 13 segundos. Um gol construído pela historia .
Então veio o momento esperado. A reinauguração, sem discursos do presidente (escolha dele e muito apropriada.Não cabia) com o hino cantado por todo o estádio a plenos pulmões. Teve champagnhe com todos os ídolos em campo.
Todos estes momentos contaram a história e trouxeram de volta ao Beira Rio  os ídolos de cada título importante,
Quando tudo parecia ter terminado, um cortejo entra em campo trazendo a cápsula do tempo. Lá colora

O gol Iluminado. Dom Elias o melhor de todos os zagueiros (Imagem Clic RBS)
O gol Iluminado. Dom Elias o melhor de todos os zagueiros (Imagem Clic RBS)

dos deixaram cartas para a geração que virá. Eu fiz a minha. Foi como assinar um compromisso com o futuro.A idéia era esta. E chorei muito neste momento. Deixei uma carta para netos e bis netos, pois não estarei mais aqui. Escrevi que neste dia viva a reinauguração do Beira Rio com meus filhos, como vivi em 1969 com meu pai. Falei sobre o apelido de remendão e como aquilo era necessário para a história, pois a minha vida foi remendada tantas vez, e como o Beira Rio, eu havia ficado mais forte por isso. Disse a eles da garra de ser colorado e vencedor, entender as derrotas, respeitar o adversário. Tudo o que precisamos para nossa vida em particular. Ao final da festa minha filha menor me disse: “Mãe, estou orgulhosa de ti e de ser colorada.Vi teu nome nos créditos e sei que vou ser colorada para sempre”.Pronto estava assinado o nosso futuro.

E então pensamos: acabou. Não. Num texto, que felizmente pude ajudar a construir, o Guerrinha, nosso representante mor na sala de redação (programa de esporte mais ouvido no estado) disse o que é ser gigante. Lembram dos gigantes que estavam indo para o Beira Rio, lá no início? Pois eles chegaram. E numa projeção inédita no mundo (tela que pesava 25 toneladas, içadas por guindastes que são os maiores já fabricados) olhavam para dentro do Beira Rio (sim eles estavam fora) para a torcida. E isso tinha um significado. Eles voltaram no cilindro do centro do gramado para nos dizer: Vocês são os protagonistas. A torcida é quem comanda e nos dá força. Recado fundamental a partir de agora para a vida do INTERNACIONAL. E aí sim, com as musicas da torcida, numa festa Gigante, em todos os sentidos, todos os que participaram da produção, da técnica, os atores, os bailarinos, o coral, a orquestra (3.700 pessoas) entram em campo e além de festejarem homenagearam a torcida no ultimo canto: Os campeões.
Foram muitos detalhes e alguns deles não pude relatar aqui.Ficaria muito extenso. Assim como foi extensa nossa emoção. Tenho certeza que a festa nos trouxe de volta a nossa casa, nosso Beira Rio magestoso. Tenho certeza que nossa força voltará como a nossa tradição. Muitas vitórias vamos comemorar lá. E as derrotas, que nos sirvam de lição.
Foi mágico, lindo.Uma celebração do profissionalismo (festas oficiais) com a paixão de quem idealizou tudo isso. COLORADOS!!!
Saudações a todos!

6 thoughts on “Profissionalismo e Paixão: Os Protagonistas

  1. Adriana,
    Fiquei contente em verificar que tanto Falcão, como Fernandão estiveram presentes. Mostraram grandeza e sem aparentes ressentimentos com o CLube.
    As lágrimas rolaram, não dava para contê-las, especialmente ao trazer as lembranças daquele timaço dos anos 70. E as homenagens póstumas, daquelas personagens que ajudaram a construir o INTER e já não estão no nosso meio. A lamentar a não lembrança de Daltro Menezes, o técnico que iniciou com o Beira-Rio e participou da montagem daquele time mágico dos anos 70. O mesmo para o Presidente Carlos Stechman, que foi o que permaneceu maior tempo no cargos (1969 a 1973) justamente os primeiros 5 (cinco) anos de Beira-Rio.
    São apenas detalhes.
    Parabéns pelo inesquecível espetáculo apresentado.
    SC

    1. Oi Heleno. Pois eu senti a falta do Amoreti, que nos representava tão bem junto a CBF, politicamente falando. Falei sobre isso com a produção. O VT estava pronto e imaginei que poderiamos editar. Fizemos uma reunião só para isso. Mas no final das contas, pensamos que todos os colorados são iguais: colroados. Que ninguem é mais colorado que ninguém e que se tivessemos que por o nome de todos os que ja se foram estariamos por anos sentados no Beira Rio assistindo a festa sem que ela terminasse. Decidimos usar o vt que estava pronto, para não atrasar os trabalhos, pois ele era apenas representativo.Creio que os torcedores possam entender isso.

  2. Adriana Parabéns, acredito ter sido uma experiência única, fantástica.
    Por razões que não vem ao caso, não pude estar presente mas acompanhei desde o início da tarde pela TVCom. Confesso que chorei muito. Aquele momento do Fabiano embargado foi de matar qualquer colorado de emoção. Ainda vou ter a possibilidade de dizer a ele, que mais do qualquer título ele se eternizou e marcou nossos corações no greNAL do 5 a 2. Vejo ele todos os anos na Praia e na próxima vou dizer-lhe do orgulho que temos dele e de quanto ele nos fez chorar neste 05 de abril de 2014.
    Estava tudo fantástico, só achei que no lugar da Blitz, a Banda Ataque Colorado teria incendiado o Beira-Rio com suas canções que todos conhecem, enfim, estava lindo demais, a cobertura com os bastidores foi muito legal mesmo, mas a emoção no local imagino que seja indescritível.
    Abraço e obrigado.

    1. Evandro, pensamos no Ataque Colorado por muito tempo. Eles estavam lá, foram eles que gravaram as músicas da torcida no último ato, que era o mais importante: os torcedores são os oprotagonistas. Se a gente colocasse as músicas e a própria banda no lugar da Blitz, meio que se repetiria no espetáculo e tiraria o brilho maior da mensagem.Foi o que pensamos….

  3. Alô você Adri!
    Conheço algumas pessoas envolvidas na festa,mas particularmente quero te cumprimentar pelo sucesso do evento e declinar nosso orgulho de estarmos representados pelo teu talento no evento. Foi emoção pura,muito choro, muito esmero. Particularmente não havia presenciado nada igual. Extraordinário!!!
    Coloradamente,
    Melo

    1. O que eu posso responder Melo. Fiquei simplesmente embasbacada, como dizia meu avô. Saber que SIM, os caras que estavam pensando eram colorados, foi o primeiro sinal de que estavamos no caminho certo. Alguns muitos distantes e outros apaixonados. A Maria Bastos, por exemplo, que coordenou a produção, é simplesmente enlouquecida pelo INTER. O Edson, diretor geral, viveu todos estes títulos dentro do Beira Rio.Colocou o espetáculo sob o ponto de vista dele. Então foram noites de ensaio de muito choro.Cada vez que repetíamos as coisas, choravamos como crianças, e a preocupação de que tudo fosse o mais bonito possível, nos acompanhou o tempo todo. Eu sabia que viriam algumas críticas, mas o trabalho desenvolvido, eu posso garantir foi com o maior carinho, paixão mesmo. Tanto que no domingo estávamos todos trabalhando novamente, para garantir que o jogo tambem fosse um espetáculo.Ah e ganhei a aposta. Disse que seria do Dale o gol do INter na partida. Eu estou ainda emocionada e tenham a certeza, pensei em cada um dos colorados que conheço, em cada vez que atravessamos o campo correndo (foram muitas) as dores na perna, os gritos do diretor (que depois se desculpava) as brigas com os operadores de som corinthianos que nos arrumaram,,,,enfim.Tudo foi pelo INTER e pelos torcedores colorados.

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