Os rostos aflitos e os olhos vermelhos após o apito final contra o Mazembe, me fizeram sentir ainda mais Colorado. Vi meu irmão, que havia me acompanhado na viagem, desabar em choro junto com nossa guia. Não sei se bem de tristeza ou, no fundo, se sentindo um pouco culpado de ser meu cúmplice naquela extravagância. Fiquei mudo, paralisado e, de certa forma parece que saí de mim, como um sóbrio singular cercado de ébrios, apenas acompanhando os atos de cada um.
No ônibus de volta para Dubai, após o apito final do jogo entre Internazionale e Mazembe, quando tudo realmente acabou, pela primeira vez me lamentei. Mas antes que o Colorado mais exaltado comece a me odiar virtualmente, esclareço. Lamentei ser um dos poucos privilegiados de estar em um mundo mágico. Lamentei que poucas pessoas, considerando a população mundial daquele momento, possuem uma paixão na vida pela qual lutem, amem, viajem, sofram, e, literalmente, transponham dunas. Lamentei que hajam tantos protestos e impasses em contrastes com a alegria, a festa, a amizade.
Lamentei as poucas pessoas que tem o privilégio de estarem acompanhadas de um irmão e de tantas pessoas maravilhosas em momentos como aquele. Lamentei que poucos times possuem uma torcida tão fiel que foi incapaz de qualquer protesto e que ecoou seu grito em um jogo totalmente alheio ao seu time. Lamentei que as crianças em geral não possam, ao menos uma vez na vida, ter a sensação que tivemos ao chegarmos no estádio no primeiro jogo e se sentir como cercado de dez mil amigos completamente desconhecidos.
A primeira coisa que fiz, passada a apatia, foi abraçar o grande responsável pela minha ida ao Mundial de Clubes – amigo Nolci -, uma das pessoas mais fantásticas que conheci em minha vida, e dizer a ele “muito obrigado” pois se estivesse apático em meu sofá não entenderia a grandeza das engrenagens que movem nosso mundo. Ou, como diz minha pequena filha, ainda aprendendo a falar, quando me vê zangado com ela ou triste por algum acontecimento, “não tem probrema papai”, pois na inocência dela, ainda entende melhor que nós adultos, que algumas coisas são perfeitas, mas que, eventualmente, a derrota ocorre. Ou, como lembrou meu irmão, um dos mais inteligentes esportistas brasileiros já dizia que no futebol se ganha, se empata e se perde. Não quero aqui entender a derrota como normal, nem, ao menos, fazer mea-culpa do time e diretoria, mas mostrar o lado mágico de ser torcedor Colorado.
Aprendi um jeito diferente de ser Colorado, se doando, engolindo certas vaidades pessoais e até agindo contra convicções próprias, tudo pela grandeza de um Clube, ou melhor, de uma paixão que move milhares de corações. Portanto, obrigado Inter, obrigado Arquibancada Colorada, obrigado meu velho onde quer que esteja por me forjar um guerreiro Colorado. Afinal, não importa o que digam, sempre levarei comigo minha camisa vermelha.
Jaques Sonntag – Boa Vista/RORAIMA
Cônsul do Sport Club Internacional
Do Caburaí ao Chuí, sempre colorado.
Jaques, também estive lá e foi uma experiencia incrivel poder conhecer uma cultura como é o Oriente. Porisso, apesar da nossa decepção, agradeço ao Inter por essa oportunidade de levar minha filha e mostrar a ela a realidade, ou seja, nem sempre podemos ganhar, e aprender a tirar a parte positiva desta situação, nos tornarmos mais fortes.
Grande abraço e seja bemvindo ao AC !!!
Fala sério, esse “mininuuuuu” meu grande amigo beesha! é o mais inteligente e sensível no mundo! e pra variar, escreve muuuuuuitooooo bem! bjs jacobino!
Lindo e emocionante texto Jaques…
Grande abraço pra todos os colorados de Roraima!!!
Carente
Jaques,
lembro do momento do abraço no Nolci, do muito obrigado, como se estivesse vivendo esta cena agora. Isso é o que nos dá a chance de termos orgulho de torcer pelo INTER. Nós somos uma nação, “tudo gente boa”.
O Arquibancada ganhou um novo blogueiro. E que texto, hein!!!
Parabéns.
Agradeço todos os dias a oportunidade que tive de conhece-los. Vamos estar sempre juntos, com a camisa vermelha, e no meu caso, com a Coca Cola na mão!!!
Texto digno de um grande Colorado! Compartilhamos todos os sentimentos sobre os quais fizeste referencia em tua emocionada manifestação. E foi sacudindo a poeira (literalmente, no deserto) que levantamos a cabeça e seguimos em frente sem desanimar, com a força e a garra da Maior e Melhor Torcida do Rio Grande, confiantes em novas e grandes conquistas do nosso amado INTER! Grande Abraço! 2011 será VERMELHO!
Grande Jaques!
Muito bom teu texto, parabéns.
É isso aí Ester, ser campeão da Libertadores não é nada pequeno. Nem muito menos o terceiro lugar em um mundial é algo vergonhoso… para chegar lá tivemos que passar por outras batalhas e a América conquistarmos com todos os méritos. Só perde quem joga e quem consegue estar em um mundial.
Desta forma que eu digo, desejo que 2011 seja tão bom quanto 2010! 😉
Fábio/Ester….esses comentários estão parecendo pagos! Rsrsrs. Se hoje tenho uma paixão colorada, como define a Adriana, muito disso vem de vocês. Obrigado!
Não posso acessar blog por aqui, mas nosso responsável pela informática, grande e especial amigo, também colorado, imprimiu para eu ler.
Maravilhei-me com teu depoimento. Às vezes me pergunto como foi que ficamos torcedores com tanto amor pelo nosso Inter.
Mandei uma mensagem para a Rádio Gaúcha que perguntava aos ouvintes o que queriam que o Papai Noel trouxesse naquele Natal, dizendo: “Quero que o meu INTER continue me trazendo tantas alegrias como me trouxe em 2010, pois alguém acha pouco ser campeão da Libertadores? Sem esquecer em momento algum as conquistas das categorias de base.
Beijo muito Grande.
Muitas saudades.
Ester
Ô Velhinho…para que servem os irmãos mais velhos senão para colocar os mais novos no caminho! Quando vejo os dias de glória do Inter hoje, lembro das histórias que nosso pai contava de um mundo colorado que eu julgava não existir e que hoje vivencio. Beijo e saudade do tamanho da Amazônia.
Débora! Obrigado pelo incentivo e correções. Fico feliz em ter sido tão bem recebido nessa irmandade que é o AC! Estou divulgando ao máximo esse trabalho maravilhoso. Das derrotas, muitas vezes, se forjam as mais brilhantes vitórias. Obrigado
Simplesmente Fantástico. Descrição perfeita do sentimento. Só não precisava contar que eu chorei, né?! Brincadeira, pelo meu INTER, choro, grito, luto, apenas não vaio!
Um abraço Mano e obrigado pela oportunidade de ter estado contigo, lá em Abu Dhabi, presenciando todo esse sentimento.
Caro mano Jaques, mesmo sem ir a Dubai, lendo teu depoimento, afirmo ficar embasbacado, e sentir na pele, hoje ainda, o que sentiram vocês que la estiveram. Orgulho-me de ser colorado, do que nos foi ensinado, cultivado por nosso pai, e hoje vejo, no caçula da turma, você meu irmão, que a semente dele está gerando grandes resultados. Parabéns…Um abraço do tamanho do Rio Grande (vermelho é claro), direto de Teutônia/RS
Jaques, que texto maravilhoso… conseguiu descrever exatamente o que muitos sentiram logo após aquela derrota. Algo muito maior foi ir ao Oriente para ver somente o Inter tentar reconquistar o mundo, foi um momento mágico o qual jamais será esquecido por aqueles que lá presenciaram tudo. Foi um momento de amor puro em todos os dias daqueles milhares de torcedores. Doeu sim, mas tudo serviu para nos deixar mais fortes e bravos rumo a buscar tudo novamente.
Seja bem vindo novo blogueiro, com textos assim você irá mexer com o sentimento de cada torcedor Colorado. Parabéns e até a próxima!
Grande Melo! Obrigado! Próximo passo é formar o Consulado Mucajaí!
Saudações Coloradas
Alô você!
Brilhante Jaques. Depoimento emocionante! Um abraço. se precisares algo pessoal ou para o consulado aí no nosso ” Térritório” , que eu puder colaborar, conte conosco.
SC
MELO