Difícil de acreditar, mas quando começou sua carreira de treinador, Celso Roth era ousado e seu time jogava ofensivamente. Basta lembrar aquele INTER de 1997 que atuava com dois atacantes lá na frente (Fabiano e Christian), dois meias atacantes bastante ofensivos (Arílson e Sandoval) e um lateral com grande ímpeto de apoio (Enciso). É claro que tinha um volante (Anderson) ao estilo Celso Roth e outro (Fernando) que, não raro, também chegava à frente.
Pois bem, aquele INTER em 26 jogos fez 60 gols, com média de 2,30 por partida, apenas superado pelo campeão (Vasco). Fez a 2ª melhor campanha na fase classificatória, vindo a perder o título na fase seguinte. Se aquele campeonato fosse por pontos corridos, nos moldes atuais, é bem possível que tivéssemos sido campeões.
Por ironia do destino, naquele campeonato (1997), sob o comando de Roth, o INTER aplicou sua maior goleada em GreNais dos últimos 50 anos (5×2), já que a última acontecera em 1954 (6×2), na inauguração do Olímpico. Foi de lavar a alma como diziam os jornais da época e o fato muito contribuiu para elevar a auto-estima colorada tão abalada pelos constantes insucessos de então, aliados às recentes conquistas dos azulados no Brasileiro (1996) e Copa do Brasil (1997).
Limitei-me aos fatos e quero deixar claro que não sou nenhum defensor de Celso Roth, muito pelo contrário, mas aquele GreNal dos 5×2, junto com a campanha do Campeonato Brasileiro e conquista do título Gaúcho com gol de Fabiano em cima deles, deixou a grande maioria da nação Colorada entusiasmada diante do trabalho desenvolvido pelo treinador. Isso na época é claro, porque falar nisso, hoje, é contrariar a realidade.
Não resta dúvida que aquele Roth era bem diferente do atual. Após o tão promissor ano de 1997, começou a transformação de Celso Roth. Já no ano seguinte perdeu o título gaúcho para o Juventude. Lembro que depois, em 1999, na disputa da Copa Sul, ele comandava o time da Azenha e num GreNal em que o INTER precisava fazer 3 gols para seguir adiante na competição, Roth entrou com o time bastante retrancado, com medo de levá-los. Ganhamos de 2 x 0 até com gol de Dunga de falta. E eles tão encolhidinhos lá atrás, só não levaram o 3º porque acabara o tempo de jogo. Creio que, se houvesse mais alguns minutos, teríamos conseguido.
E desde então, Roth passou por diversos clubes, voltando ao INTER em 2002, oportunidade em que quase nos colocou na 2ª divisão. Se não fosse o Cláudio Duarte chegar a tempo, não sei não. Bem, parece que sua forma medrosa de atuar, ficando sempre na defensiva com seus volantes, não lhe proporcionou conquistas importantes na carreira, exceção que só veio a acontecer recentemente em seu regresso ao INTER com o título da Libertadores, embora com alguns méritos, encontrou mais da metade do caminho pronto para a conquista.
Eu fico a me perguntar: Afinal o que aconteceu com Roth para mudar tanto? Sinceramente, não consigo entender tamanha involução em seu estilo de comandar equipes, ao partir de uma maneira ousada e ofensiva, como foi referido no início, para depois aderir a uma forma de atuar totalmente medrosa e defensiva. Difícil explicar, um trabalho digno de analistas e terapeutas. Parece que essa idéia defensiva veio crescendo gradativamente e, por decorrência, aumentando sua paixão por volantes.
Se antes se contentava com um, no máximo dois, hoje é comum vê-lo colocar até três ou mais volantes, a ponto de ter somente um atacante na frente em jogos disputados no próprio Beira-Rio contra equipes sem expressão e até candidatas ao rebaixamento.
Confesso que, quando ele assumiu em julho de 2010, fazendo aquele bom trabalho nos jogos finais da Libertadores, cheguei a me entusiasmar como a grande maioria da torcida, imaginando sua evolução, com atitudes coerentes e ousadas, nos moldes de quando iniciou no INTER em 1997. Mas não. Desde então é só decepção: Brasileiro, Mundial e agora 2011. Aliás, parece que o homem, ao contrário dos demais treinadores, ao invés de evoluir tecnicamente, regrediu.
Em suma, vejo nele o mesmo treinador teimoso e birrento dos últimos anos e, ainda por cima, apaixonado por volantes. Parece satisfazer-se ao contradizer o bom-senso e anseios da torcida. Olha, com este Celso Roth que aí está não dá para esperar grande coisa. Se não mudar seus conceitos e maneira de atuar, acho difícil ganharmos algo. Entrementes, suas recentes atitudes de colocar Oscar no time, de deixar o improdutivo Wilson Matias no banco pela entrada do Bolatti e aproximando mais um atacante ao centroavante são indícios de melhora.
A boa atuação ofensiva contra o Jorge Wilstermann deu esperanças. Tomara, tomara. Só assim podemos sonhar com novas conquistas.
Grande Heleno. Não me iludi com a vitória contra o tal de Jorge. Time ridículo aquele. E nós demoramos quase um tempo inteiro para fazer o primeiro gol. Nossa Diretoria está brincando com fogo. Não jogamos contra “ninguém” em 2011 e estamos amontoando resultados horrorosos, principalmente em casa. Torço muito pela Conquista do TRI da América. Nem que isto seja para o Roth e o Siegman virem para os microfones ridicularizarem os seus críticos. Se tiver que ser assim, que seja. Mas que tenham a hombridade de assumir a segunda catastrofe, um segundo “mazembaço” na nossa vida. Mas, se Deus quiser, isto não vai acontecer….
Ôh, Saudade!
Aquele era o Roth, o de hoje é só o #deROTHtado.
Maravilha teres lembrado, Heleno.
Oi Simone,
O resultado de uma partida às vezes pode ser acidental, mas não é o caso daquele Grenal de 5×2. Conforme referi em meu comentário, o mesmo resultado está inserido num contexto de 26 jogos que o INTER fez no Campeonato Brasileiro de 1997. E a campanha foi excelente.
No comentário citei que 5×2 havia sido nossa maior goleada em Grenais dos últimos 50 anos. E agora vai um aditivo. A campanha colorada em 1997 foi a melhor obtida na década de 90. A colocação final foi de 3º lugar. Até então, sua melhor posição havia sido o 7º lugar em 1991.
Portanto, conforme bem frisou a Débora, o Roth teve méritos sim.
Hoje, segundo bem captou o Maurício Zanini (és parende do colorado Eduardo Zanini?) vivemos na incerteza que ronda o coração colorado, mas eu diria não só pelo desastroso episódio do mundial, como de todo o 2º semestre de 2010, após a conquista da Libertadores. Hoje, já vamos para 10 meses de Roth como treinador.
Eu também entendo que ele não é o único culpado, eis que as diretrizes maiores emanam da Direção do Clube. Pelo menos assim deveria ser.
Abraço
Como diria o filósofo… “nóis costamu de jogare pedra na Jenita”. De fora ou bem pertinho, é fácil criticar qualquer um e em qualquer área. A questão que concerniu este post, creio eu, teve como pilar a incerteza que ronda o coração colorado: Parece que o Inter tem muito mais para oferecer, mas será o técnico? Há inquestionável pressão sobre seu trabalho, muito mais pela decepção no mundial. Sabes, eu gosto do Celso, pela forma que ele conduz seu raciocínio. Porém, acredito que ele caiu no batido sentido da incoerência do erro permanente. Convicções serão mantidas apenas se mantiverem o sabor da vitória e conquista. Apenas um ajuste aqui outra acolá. No mais, seguindo assim, sem esses ajustes, infelizmente sofreremos. Mas, mudar o técnico não faz sentido. A direção, muito adequadamente, deve soprar ao ouvido do estimado, as mudanças necessárias.
Alô você Maurício!
Que equilíbrio! Posso assinar em baixo de seu comentário?
Saudações coloradas
obviamente.
Beleza de post Heleno. Também no início dou um crédito a qualquer treinador, até para o Celso que começou desta vez no INTER, muito bem, mas depois desandou. Esperamos sinceramente que ele, aproveitando que tem um bom elenco, consiga montar o melhor time. Pelo menos, assim como todo mundo, conseguir aceitar que o DAle e o Oscar precisam jogar juntos. Atualmente não acho que tenha sido muito cabeça dura, mas ele e nós estamos sofrendo pela falta de qualidade da nossa zaga. Ele tem tudo para acertar o INTER, basta não usar tanto volante…ha… mas isto tu já falou com bastante propriedade.
Simone, tu pegou pesado, o cara já foi bom…mas mudou.
Abç.
A culpa dos 5×2 é do próprio Grêmio e não mérito do Roth. O que mudou foi só o bigode.
Oi Simone, não concordo com essa afirmação. Quando o Inter ganhou do Grêmio neste ano, eles só eram considerado o melhor time do Brasil na atualidade. Além do Felipão, eles eram os atuais campeões brasileiros e acabado de serem campeões da Copa do Brasil de 97. Ganhamos o título gaúcho logo depois da conquista deles e na sequência a goleada no Brasileirão. Acho que neste ano o Roth teve todos os méritos em comandar uma equipe inferior no papel em relação aos “campeões do momento”.
Hoje o Roth não é mais o mesmo, falta ousadia ao “ex-bigodudo”! Pelo texto Heleno!
Abraço
Alô voce, Heleno!
Lembro de ter visto o desempenho do C.Juarez, ainda nos Juniores do Inter (ou seria Juvenil?). Senhor absoluto das decisões. Dentre os melhores desempenhos do referido “treineiro” está sua passagem pelo Santos quando lançou entre outros Robinho e Diego.Naquele Inter dos 5x 2, contra a maioria da opinião da imprensa referendada por considerável parcela da torcida , sob vaias, “bancou o volante Anderson”, lembra? Pois é, mais um volante na sua vida. Mas no geral eu também acho que ele era mais solto há algum tempo. É aí que entra Vinicius de Moraes: “e por falar em saudades onde anda você…”. Tomara que reapareça em Lajeado.
SC
Valeu Heleno. É isso mesmo. Na minha opinião o Celso criou uma figura de treinador salvador da Pátria de times que estão a perigo do rebaixamento. Nada mais do que isso. A conquista da Libertadores se daria até com técnico interino mesmo. Era só não inventar. E o Celso ainda inventou e quase perdemos o título. Acho que não é técnico a altura de grandes times, como Internacional, Flamengo e até mesmo do nosso maior rival. É técnico para times de segunda linha e que pensam somente em não perder, e quem sabe em um contra ataque ganhar o jogo. Sou mais o Lisca do que o Celso Roth.
Mas é óbvio que o nosso Inter precisa de um técnico a altura dos seus 102 anos e de todas as conquistas que conseguiu até hoje.
Abraços, Valmor.