Faz poucos dias escrevi que o Inter vinha me dando orgulho.
Vinha.
Agora é angustia e ânsia pela espera.
Sofrer um pouco, Meu Inter. Ou sofrer muito pela espera. Só espero seja breve no sofrer. Tem data: dia 15. Permita-me o choro, o grito e o pavor, mas não se demore a recompor. Volta Sasha, Valdívia, Nilmar, D’Alê. Não percam o viço, a habilidade ou a velocidade. A esperança ou a gana. Não percam a graça, Meu Inter. Mas sofro. Sofro, pois são grandiosas as almas sofridas. Se desalmada fosse, certamente não sofreria.
Eu poderia declamar clichês desalentadores dizendo que é bobagem sofrer por um clube de futebol. Que é fase. Que logo passa. Que daqui a pouco eu não vou nem lembrar. Mas eu sei que não é bem assim. Não se culpe pelo meu pranto por mais tolo que meus soluços soem aos outros. Se desnecessário fosse, certamente não doeria. É que eu amo o Inter.
E a espera me mata. Chega setembro e não chega dia 15 de julho. E o Brasileirão? Desalentador: ainda mais com a partida contra o Figueirense. Agora mais 10 dias sem Inter.
A espera.
A ânsia.
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
Até o mais frágil adversário hoje é difícil de enfrentar. Sem 10, sem 9, sem 7 titulares…., eu sei como é.
Perdi um dente na infância. Logo o mais importante deles. Meu D’Alê dos dentes. Aquele que me embelezava o sorrir e permitia-me assoviar canções que alegravam meus colegas do prézinho. A falta dele enfeiou-me a face por algum tempo. Perdi a vontade de sorrir. Perdi a coragem de sorrir. Perdi a graça. Exatamente como acontece com o Inter agora.
Esporadicamente, para compensar a feiura de minha face desdentada, esboçava risos frouxos para cumprir protocolos orientais e a vida seguia assim, meio banguela, desdentada. Senti a perda daquele dente. Ressenti. Por isso lhe compreendo e solidarizo-me com a grandiosidade do Inter jogando assim, tão mau, tão feio.
Os dias passaram e a vida continuou assim, meio desatenta, desdentada. Meu cotidiano infantil era repetidamente interrompido pela tristeza de fitar o espelho e ressentir a falta dele, meu tão amado dente. Mais dias passaram-se mas, vez ou outra, a falta dele persistia em me morder.
Certo dia, sem nem perceber, esbocei um sorriso involuntário e meus colegas riram do meu sorrir desdentado.
Era como se fosse um gol improvável de uma vitória pouco esperada: um gol do Luque, por exemplo! Foi assim que eu percebi que eu poderia sim, sorrir sem o dente. Meu sorriso estava desajeitado, mas mantinha a graciosidade de um jeito ainda mais peculiar. Não tinha Nilmar, mas tinha Lopez. E um tempo depois, sem eu nem esperar, um novo dente começou a brotar e me embelezou não só o sorriso, mas também o olhar. Olhar que tenho voltado para o Beira Rio. Eles contrataram um francês. Contrataram agora um nigeriano. Vão morrer na praia com eles!
E é por isso que eu lhe digo: sofrer a perda de um dente é sofrer com este momento de instabilidade e essa espera. Aí eu sofro. Sofro porque o sofrimento é parte imprescindível desse ritual. Só não permite que o sofrimento se torne habitual. Pois eu tenho estádio e não perco contratação para o Santiago Wanderers. Por favor, este tipo de sofrimento não.
Entenda leitor que na maioria das vezes não é a falta do dente que nos faz sofrer, mas apenas a falta do sorriso que, tão inocente quanto aquela criança banguela, você acredita que era o dente quem fazia acontecer…
BEIJOCAS!
Simone Bonfante – Criciúma/SANTA CATARINA
Inter: no campeonato das paixões és líder invicto e isolado!
A comparação é engraçada, mas verdadeira. Tambem sinto-me assim em relação ao INTER.Estas equipes que foram a campo pelo brasileiro até aqui, não são o INTER. Não aquele que queremos ver. Meio prótese, meio provisório. Logo teremos o INTER de volta e até lá, a angustia vai corroendo.
Tomara que restaurem esses dente a temp de podermos sorrir esse ano ainda.
Alô você Simony!
Enquanto nosso psicólogo nos convence de que não há nenhuma importância em não ostentar a arcada completa e especialmente aqueles de maior evidência, nosso protético está restaurando não outro mas o mesmo dente para voltar ao seu lugar, já nã de maneira natural, mas talvez com uns parafusos de fixação. Há de cumprir seu papel de embelezamento e também o funcional de sadia mastigação. Bem assim espero, é claro.
Coloradamente,
Melo
Desconsiderando o Sport, estamos à 7 pontos do líder. Isso é quase 3 rodadas. Recuperável????
fim de semana sem Inter não é fim de semana