Aqui em Dubai, agora sao 12h e 15 minutos.
Acordei mais tarde hoje, já que meus compromissos acontecem só a partir do meio da tarde. Entre outros vou desafiar meu medo de altura, minha vontade de terminar logo com o sofrimento que me abate quando passo por estruturas arquitetonicas e tecnologicamente modernas, o que as torna, normalmente, obras impensáveis para a lógica. Muitos Colorados se sentiram assim na terça-feira diante daquele dois a zero do Mazembe.
Não sei bem explicar, mas senti a torcida desanimada antes do time entrar em campo para aquecer. No pátio do estádio moderno, mas de campo menor do que o do São José, fizemos muita festa, chamamos a atenção pelo número de torcedores presentes, pelas cores vibrantes, e claro, pela característica brasileira de transformar qualquer coisa em um grande carnaval. Ao entrarmos no palco (porque os eventos da FIFA não são um simples jogo de futebol, são espetáculos) notei um clima de fim de jogo com ar de empate no Beira-Rio. Isso porque os Colorados, aqui em Dubai, ou em Abu Dhabi, jamais pararam de cantar e pular e vestir a camisa do time, exatamente como acontece em Porto Alegre. Mas é claro, fica calada diante dos tropeços.
Impressionante o número de torcedores do INTER que atravessaram o mundo para acompanhar o time. Certamente serei contestada por isso, mas independente de qualquer coisa, o time e a torcida se comportaram exatamente do mesmo modo nas duas partidas disputadas.
Contra o time coreano, cujo nome não me atrevo a tentar escrever(deve ser mesmo difícil torcer pra um time com este nome) dos 10 mil Colorados foram 7 mil apenas. Um número que fará a FIFA querer levar o INTER sempre até o mundial de clubes, pois jamais outro conseguira tal façanha, principalmente depois de uma derrota que foi o fim do sonho. E então aconteceu o show. Do inicio ao fim. O time venceu bem e foi até displicente no final.Como a torcida, que ainda com o INTER em campo já gritava o nome do Mazembe, provocando os Italianos que chegavam.
Na segunda partida, de onde sairia o campeão e onde deveriamos estar, faltando 5 minutos para terminar o jogo, a torcida Colorada explodiu num grito: “Colorado, colorado, nada vai nos separar“. O mundo não entendeu nada. Nem a falta do INTER de POA-RS no gramado, nem aquela massa enlouquecida, cantando para o time que estava na arquibancada. A Arquibancada Colorada foi de arrepiar naquele momento. Foi o minuto que me fez sentir aquele frio na barriga, ficar sem ar e, até que enfim, chorar ! Foi um alívio saber que eu não estava sozinha e que o significado daquela derrota inexplicável para o Mazembe era apenas um: não temos dúvida que o bi do mundial virá. Só vai demorar um pouqinho a mais.
O que vimos ontem em Abu Dhabi foi a força de um clube, de uma camisa. A torcida não estava abatida, como escreveram alguns. O time jogou, ainda que não no seu potencial, mas jogou. Os gols sairam e a alegria, do lado de fora do estádio, ou lá dentro, do início ao fim, foi a mesma. Não teve protesto, teve incentivo. Não teve cabeça baixa, teve orgulho.
Muitos foram os fatores para a derrota contra o Mazembe. Porque o futebol não é lógica. Ele emociona, cala, surpreende e marca, como os prédios altos, tortos, lindos de Dubai.
O primeiro deles: O time estava nervoso. Vimos isso nos primeiros toques de bola de Sobis, Renan, Tinga, Kleber. A própria torcida pode ter contribuido para isso.
O segundo fator: Taticamente o Inter jogou errado. Precisava ter ficado na defesa, deixar os caras correrem, já que no ataque eles só tem velocidade e força. Não possuem técnica apurada. Mas o INTER entrou em campo, pra cima dos caras, com passes curtos e tocando a bola. Com o campo pequeno, os espaços encurtaram. O Mazembe, todo atrás, recuperou a bola, uma após outra, e em dois contra ataques matou o jogo. Eles estudaram o INTER. Ou não vimos a dificuldade do nosso time em jogos em jogos do braileiro contra times retrancados, onde o Colorado teve 90 por cento de posse de bola e perdeu no escore de gols? A INTER de Milão jogou atrás, fez os caras irem pra frente e lá eles não sabem jogar. Em três contra ataques, três gols Italianos.
O terceiro motivo da derrota: em três meses de disputa politica acirrada, nosso clube esqueceu do time. Perdemos uma após outra no brasileiro e assim aconteceu no mundial. O grupo não foi trabalhado, nã o fechou em busca dos objetivos. Ficou disperso, como o Wilson Mathias e o Guiñazu que não guardaram posição e abriram a defesa naqueles dois gols fatídicos.
Depois destes, vamos achar, eternamente, outros mil fatores para esta derrota. Mas o que importa é diferente. A derrota precisa ter um significado. Espero que a direção e o grupo estejam pensando no que ela deve ensinar a todos. A derrota foi um alimento mal digerido, mas não estragou a festa. O INTER continua sendo o único clube brasileiro a ganhar títulos internacionais nos últimos cinco anos. Só por isso nós estavamos em Abu Dhabi.
Várias faixas no jogo de ontem diziam isso. TERCEIRO SIM, SEGUNDA DIVISÃO NUNCA.
ORGULHO DE SER COLORADO.
INTER, ESTAREMOS CONTIGO!
VAMOS VAMOS INTER!
O MELHOR DA AMÉRICA E TERCEIRO DO MUNDO MANDA DE DUBAI, UM ABRACO PARA OS FLANELINHAS…
Temos uma história invejável.Um clube que teve 3 estádios.Todos construidos com o amor e a entrega de uma torcida. Um clube que participa da vida da cidade onde foi fundado, com responsabilidade social. Não tem privilegios da Federação Brasileira ou da midia nacional. Um clube que produziu craques verdadeiros para seu pais, ajudando na imagem do futebol penta campeão que traz divisas ao Brasil, abre portas para o agronegócio, para a industria textil, para o marketing e tudo sem contar os ganhos nos cofres do turismo.
Ao longo do tempo, nossas vitorias foram sofridas, mas merecidas. Nossas derrotas implacáveis, mas compreensíveis. Vergonha jamais!!!
Ainda prefiro a derrota com a consciência do que é o futebol, do que a vitória em cima de sorte e facilidades duvidosas.
Este é o significado de uma derrota retumbante. Só perde quem joga. Só joga quem está credenciado para isso. Só se credencia quem tem história. Para a história, este caminho já é conhecido, não se torna impossível de ser realizado novamente. É uma motivação a mais.
A vitoria é saboreada em 24 horas, a derrota, como aconteceu, será nossa motivação para sempre.
Porque assim é o INTER!
* Adriana Paranhos é membro do Blog Arquibancada Colorada e está em Abu Dhabi, acompanhando o INTER. Fundadora da Força Feminina Colorada, também elegeu-se Conselheira do Internacional em 04/12/2010, pelo Convergência Colorada.
Adriana Paranhos – Porto Alegre/RIO GRANDE DO SUL
INTER, minha paixão verdadeira!
Adriana, valeu por dares voz ao sentimento de todos nós. Tuas palavras nos desnudaram na argumentação pós volta. Beijo grande, desse teu novo admirador.
Adri, fantástico… me arrepiei, me emocionei novamente com tuas palavras. Senti exatamente a mesma coisa que você, na vitória contra os coreanos pouco vibrei, pois o gosto amargo do Mazembe ainda estava na boca. Entretanto, quando a torcida fez aquele estádio rugir, o orgulho falou mais forte, bateu forte no peito e fez a emoção voltar e cantar bem alto para o mundo inteiro ouvir quem é que somos.
O Inter tem uma torcida que dá inveja a qualquer time da galaxia, somos uma só emoção e uma única paixão chamada INTERNACIONAL.
Parabéns pelo texto!
Parabéns Adriana, muito bom!
Mas bah… cheguei a arrepiar lendo este post. A festa da torcida faz a gente pensar que mesmo com a derrota, foi maravilhoso acompanhar o INTER. Com certeza mostramos ao mundo e a FIFA que este time é um do maiores do mundo. Sinto a emoção e o orgulho em cada palavra que escreveste. Ficamos mais COLORADOS nestes momentos e vamos apoiar mais ainda, pois respeitamos e admiramos o nosso INTER, que já tem um Recopa, um Gauchão, um Brasileirão e uma Libertadores para disputar.
Espero que os CONSELHEIROS do INTER, componentes do ARQUIBANCA COLORADA, lutem como a torcida em Abu-Dhabi, para fazer o nosso INTER cada vez MAIOR e MELHOR.
Grande abraço,